11.02.22
Na máquina de escrever
Escrevo o teu nome
E desenho os teus lábios de cereja,
Pinto a tua boca
Com pinceis de desejo,
Escrevo o teu nome,
Desenho o teu beijo.
Na máquina de escrever,
Agradeço por pertenceres à minha sombra,
Quando ainda ontem,
Eu mergulhava na tela luar.
Na máquina de escrever,
Eu, sou o poema,
Sou a geada suspensa na madrugada,
Sou o verbo amar,
Quando a noite
Não tem medo a nada.
Na máquina de escrever,
Sou o poeta,
Ou outro gajo qualquer,
Sem identidade,
Sem nome,
Que caminha na tua mão,
Feliz por ser.
Feliz por ter,
Ter uma máquina de escrever.
Na máquina de escrever,
Dentro do velhinho teclado,
Há uma gota de amor
Dançando na insónia.
Na máquina de escrever,
Onde me sento e deito,
Como uma pedra selvagem…
Neste corpo em viagem,
Neste corpo que chora no teu peito.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 11/02/2022