14.08.21
Uma abelha de luz poisa no teu olhar. Haverá sempre noite; mesmo que a lua se suicide no teu olhar, haverá sempre luar na tua vida,
O cansaço,
Nos dias que se perdem, nas horas em que nasce e, morre uma estrela, mesmo assim, haverá sempre Primavera na esplanada da saudade.
O esqueleto rangia como os gonzos do silêncio e, nunca percebeu que lá fora, junto ao rio, um fio de nylon tentava regressar à velha fotografia; tinha na mão a imagem de Cristo crucificado.
Em cio, avança o exército de gaivotas em direcção ao mar; os barcos da minha infância são hoje objectos raros, distantes de uma cidade envergonhada pelo passado.
Pedacinhos de linha, anzóis despedidos pelo velho pescador e, junto ao cais
Uma criança inventa electrões, protões e a tomografia por emissão de positrões e, eu desconhecia que o PET lhe vasculhava tudo até aos ossos; amores e paixões, flores e jardins, sumo de laranja e bacalhau com natas. No final
A sentença. CONDENADO.
Ela
CONDENADA.
Hoje, há quem me diga que são muito felizes, os dois e, vão amar-se eternamente.
O dia e anoite,
A lua e o luar,
Ambos, ambas, condenados
Condenadas pela insónia de DEUS.
Hoje são pequenos grãos de areia na mão da tempestade. Vivem num cubo de vidro, alimentam-se de pequenos nadas e, lêem as escrituras divinas. Nada a fazer, digo eu
Tudo a fazer, dizia ela
CONDENADA pelo oxigénio abstracto da manhã.
Alijó, 14/08/2021
Francisco Luís Fontinha