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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


31.07.23

Lateja a mingua luz da montanha

Abraça-se a mim o vento em nortada

Esta casa em aflição

Que arde

Grita

Lateja a míngua luz do teu olhar

Socalco que se esconde no doiro rio

 

Lateja a míngua luz da montanha

Às árvores de cartolina colorida

O rio em saudade

Que arde

Grita

No centro da cidade

 

Lateja a míngua luz em silêncio

No silêncio que te beija

Deste rio que corre nas tuas veias

Entre lágrimas de chuva

E de estrelas sem brilho

Que também elas latejam

Na cidade luz

Da míngua montanha

Que dorme em desespero

 

Lateja a míngua luz nos teus lábios

Que sofrem

Que procuram a liberdade

Da luz que lateja da minha nortada

Nesta triste e pobre cidade

Que traz o vento

E leva de ti o sofrimento

E a saudade.

 

 

 

31/07/2023

Alijó

Francisco


15.06.23

Procuro nas minhas mãos

O sono e o silêncio das primeiras lágrimas da madrugada.

Procuro nas minhas mãos

Vazias

Distantes…

Procuro nas minhas mãos

A luz diáfana das marés de engano

E todas as tristezas da alvorada,

 

Visto-me de zé-ninguém

Sabendo que um outro alguém

Também vestido de uma outra coisa qualquer…

Me persegue neste labirinto de insónia

Devoluto

Frio…

E escuro como os túneis de vento,

 

Procuro

Procuro nas minhas mãos…

A sombra

E o além,

 

Procuro nestas mãos inventadas

Por alguém que não conheço

Que nunca vi

Mas que existe

E está lá

De lá

Onde este navio apodrecido

Ainda resiste

Ainda procura nas minhas mãos…

Um pedacinho de mar

Antes que o mar…

Antes que o mar morra

E este pobre barquinho…

Adormeça

E das minhas mãos…

Um sorriso de alguma coisa…

Cresça.

 

 

 

Alijó, 15/06/2023

Francisco Luís Fontinha


29.05.23

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Não sei se o vento me quer

Se o vento me quer levar

Para outra cidade

Para outro mar

 

Não sei se o vento tem paciência

E vontade

De me levar

Para sempre

E sempre

Para outro mar

 

Não sei se o vento

Esses tal de vento

Homem

Mulher

Ou pensamento

Tem paciência

Tem alimento

Para me dar

E levar

Levar para outro mar.

 

 

 

 

Luís

29/05/2023


27.05.23

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Se o vento soubesse

Não te levava

Se o vento gostasse de mim

Não te deixava

Se o vento soubesse

Não dizia à chuva

Que a Primavera vai regressar

 

Para que eu quero a Primavera

Se as andorinhas morrem de silêncio

E as flores

À minha passagem

Desmaiam

Ficam negras

Sem voz

 

Se o vento soubesse

Não me dizia que a Primavera vai regressar

E com ela

As árvores ficam tão tristes

Com flor

Com fruto

Se o vento soubesse

Não me dizia que a Primavera vai regressar

 

Se o vento soubesse

Não me dava palavras para escrever…

Nem a Primavera

E as flores ficam lindas

E os pássaros apaixonados

Mas eu detesto as flores

E detesto os pássaros

 

Se o vento soubesse

Desenhava na tua lápide a Primavera

Com flores prateadas

Com sorrisos de doce madrugada

Se o vento soubesse

Abraçava-me

E me levava

E me dizia

Que o vento

Nada sabe

Sem saber…

 

Se o vento soubesse…

Não me trazia a Primavera

Nem as flores

Nem os pássaros

Porque já avisei o vento

Que não quero nada

Mas o vento é teimoso

E traz-me a Primavera

E a madrugada

E se o vento soubesse

E se o vento quisesse

Nada

Como eu…

 

 

 

Francisco

27/05/2023


03.05.23

Nos dias cinzentos

As palavras são lamentos

São os alegres ventos

Que brincam no silêncio sorrir,

E das palavras lamentos

Regressa a vontade de fugir

Enquanto o corpo arde nesta fogueira

Desta fogueira que teima em não partir…

Dos dias cinzentos

Das alvoradas sem nome…

As palavras são lamentos

São lamentos em fome.

 

 

Alijó, 03/05/2023

Francisco Luís Fontinha

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