17.12.22
Nunca percebi a razão de o meu pai, um dia, em meados dos anos oitenta, oferecer-me um livro de Hubert Reeves, “Um pouco mais de azul”.
Pela capa fiquei fascinado, com uma fotografia do Universo.
Ora “Um pouco mais de azul” é uma viagem sobre Universo e a sua história.
E tantos anos depois, não entendo porque o meu pai, na altura, queria que eu aprendesse um pouco mais sobre a história do Universo e pelas mãos “do poeta do espaço”.
O Universo para mim é infinito, frio e muito escuro. Portanto será difícil ou quase impossível alguém ou algo, que apelidam de Deus, ser o responsável de tamanha beleza.
O Universo e a poesia complementam-se, são infinitos, belos e habita em ambos o fascínio pelo desconhecido.
Depois de o ler, não sei se fiquei com mais dúvidas ou certezas; certamente com mais dúvidas.
De onde viemos. Para onde vamos. Quem somos.
Faz sentido tudo o que nos rodeia?
E não será apenas a função dos seres vivos, nascerem, crescerem e morrerem?
Então para que nascemos?
Nascemos para sofrer?
E se eu pudesse conversar com o primeiro ser vivo que habitou a Terra, será que ele satisfazia todas as minhas dúvidas ou pelo contrário, ainda ficava com mais dúvidas…
Mas o meu pai queria que eu estudasse um pouco mais sobre o Universo, e “Um pouco mais de azul” não me satisfez todas as minhas dúvidas, pelo contrário, aumentou-as.
E hoje percebo que brevemente serei apenas pó.
Um pequeno grão de areia.
Alijó, 17/12/2022
Francisco Luís Fontinha