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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


08.09.15

Regressa a noite,


Depois… depois acorda a saudade embrulhada num lençol de linho,


As fotografias suspensas na parede da sala…


Cerram as janelas,


Desligam os interruptores do silêncio,


Brincam as vozes dos tristes alicerces que sustentam o meu corpo,


Pareço uma bailarina em busca dos holofotes do desejo,


Entre círculos e espelhados momentos angulares,


Eu…


Eu… eu me perco nos teus braços,


Deixei de desenhar sorrisos na alvorada,


Deixei de escrever palavras nos muros invisíveis da minha aldeia,


 


Deixei…


Deixei de pertencer ao limo envenenado na madrugada,


Tenho uma bandeira na mão,


Tenho na outra mão… nada,


Uma pedra,


Uma enxada…


Calcinada


Pelos ventos trigonométricos do amor,


 


Regressa a noite


E não tenho tempo para embriagar sonhos,


Não me importo de não ter sonhos,


Nome,


Cidade para habitar…


Regressa


E traz com ela outra noite,


Outro momento angular que me sufoca,


E sinto na minha algibeira o mar


Encalhado nos rochedos dos teus seios…


Pego na equação das tuas coxas


E construo um foguetão…


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Terça-feira, 8 de Setembro de 2015


08.04.14

Percebo que as equações do meu corpo não têm resolução,


sou um aglomerado de números complexos, integrais duplas e triplas, habitam nos meus braços,


percebo que tenho um sorriso em granito, e sei que nas quadrículas do meu peito...


suspendem-se as infinitas cordas paralelas do nylon madrugada,


um imbecil programado, um corpo onde se misturam os algoritmos de Fortran e as raízes quadradas do obscuro olhar, sem sentido, único, proibido estacionar o meu corpo em cima do passeio da solidão,


cruzo os braços,


e pergunto-me...


o que faz o poema sem nome dentro do silêncio amanhecer?


sem prazer,


a vida é um fluído em escoamento permanente...


em direcção ao mar,


em construção... como corpos geométricos procurando amor nas flores triangulares...


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Terça-feira, 8 de Março de 2014


26.02.14



foto de: A&M ART and Photos


 


A imagem tua estampada no rosto inverso do vidro


vêem-se de ti os cabelos da madrugada trigonométrica procurando senos e cossenos


e dentro do círculo trigonométrico


os teus tristes lábios em três quartos de pi radianos


a imagem acorda em ti e cansa-se do silêncio transferidor


e as lágrimas envergonhadas como pedras fundeadas na ribeira do Adeus


desaparecem ao amanhecer


tenho medo confesso-lhe


e ela desesperadamente


desenha-me na ardósia manhã como beijos tangenciais ao quadrado do Amor


o rio flui até encostar-se à fórmula fundamental da trigonometria...


e percebo que o seno ao quadrado de alfa mais o cosseno ao quadrado de alfa é igual à unidade... a (imagem tua estampada no rosto inverso do vidro...)


 


Imagino-te nua sem saberes que no espelho encarnado vivem gaivotas veleiros


e pernaltas petroleiros


 


A imagem tua estampada no rosto inverso do vidro


a equação da Saudade desfaz-se em pedacinhos papeis...


que voam em direcção ao infinito onde se abraçam rectas paralelas e ventos circunflexos


corpos incandescentes ardem como ângulos adormecidos


há lareiras em desejo na janela da noite


quando os versos transformam-se em sanduíches de nada


e do nada


a tua imagem sem saber que as integrais triplas são amantes dos cossenos hiperbólicos...


a matriz transposta invade o púbis da matriz inversa


choras...


dormes... como uma criança deitada na equação diferencial da paixão


e a tua imagem... e a tua imagem esconde-se na lixeira do inferno.


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Quarta-feira, 26 de Fevereiro de 2014



05.01.14



foto de: A&M ART and Photos


 


Perspectivo-me sobre a sombra lâmina do teu sorriso de gaivota sem poiso


há uma linha transversal que nos separa e aproxima


como uma fotografia sem nome na mão do louco muro em xisto


desço às fronteiriças margens do desejo


desço até que sou engolido pelo cosseno de trinta e cinco graus dos teus lábios...


desejarás-me ainda depois das equações diferenciais dormirem dentro dos quadriculados cadernos?


Invejo-te a liberdade


e os voos nocturnos quando se esquecem de ti e tu


e eu


suspensos no estendal das sílabas poéticas que o veneno da tua boca alicerçou na tempestade


há em nós uma circunferência de luz com braços de areia


húmidas todas as palavras dos anzóis do medo das sanzalas com vozes de zinco


com olhos de fome...


e chove


chove sobre o teu corpo de nylon onde se abraçam os barcos desvairados quando o vento se entranha no amor e nos transporta para o infinito


e lá ao fundo... a sombra lâmina do teu sorriso de gaivota sem poiso.


 


 


(não revisto)


@Francisco Luís Fontinha – Alijó


Domingo, 5 de Janeiro de 2014



23.11.13



foto de: A&M ART and Photos


 


os triângulos insectos que o sofrimento padece


quando lhe pertencem as tuas mãos de andorinha selvagem


os senos inventados dos lábios em engrenagens que à tua boca atracam


e se afundam como serpentes cordas em nylon emagrecido que a madrugada alimenta


os triângulos insectos que se alicerçam ao teu peito


bebíamos pétalas de silêncio em efusão de sílabas desastradas como pedras de calçada...


havíamos roubado todos os barcos naufragados das avenidas embriagadas


entravam em nós marinheiros e meninas de mini-saia doirada com círculos encarnados


pensávamos que era o rosto da lua


mas a lua nunca foi encarnada


mas a lua nunca pertenceu aos barcos envergonhados das avenidas embriagadas...


então?


 


(os cossenos dos teus seios dentro de tristes equações diferenciais


depois


havíamos roubado todos os barcos naufragados das avenidas embriagadas


e ficávamos com as tangentes do sofrimento que sobejavam das flores do medo...)


 


então


então pensávamos que o seno hiperbólico da saudade vivia no mesmo quarto que os beijos cansados


dos triângulos insectos em teus cabelos mergulhados na geada cristalina da montanha dos peixes...


então...


então víamos o regresso da paixão em ensonadas linhas paralelas


então...


ouvíamos os uivos grunhidos dos corpos em movimento uniformemente acelerado


parávamos em frente aos telhados de zincos dos guindastes da pobreza...


então...


então percebíamos que as palavras escritas nos quadriculados cadernos...


eram os encarnados círculos disfarçados de cossenos parvos


disfarçados de senos loucos que a trigonometria inventou para nós...


 


 


(não revisto)


@Francisco Luís Fontinha – Alijó


Sábado, 23 de Novembro de 2013


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