11.04.12
O que dizer
O que fazer
(quando a noite deixa de ser noite)
Morrer
Quer dizer
Não saber
Viver
O que dizer
O que fazer
Enquanto o país está a arder…
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11.04.12
O que dizer
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(quando a noite deixa de ser noite)
Morrer
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Não saber
Viver
O que dizer
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Enquanto o país está a arder…
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30.11.11
Procuro trabalho em qualquer área, zona do país ou estrangeiro.
Dados Pessoais:
- Estado Civil: Solteiro;
- Nacionalidade: Portuguesa;
- Idade: 45 anos;
- Naturalidade: Luanda/Angola;
- Carta de Condução;
Formação:
1989/1990 – Técnico de Desenho de Construção Civil; CICOPN
Curso de Formação Profissional
Habilitações Literárias:
- 12º Ano de Escolaridade, 1º curso via de ensino;
- Frequência Universitária (Engenharia Mecânica);
- Acção de Formação Teórico-Prático ao Método dos Elementos Finitos;
- Curso de Iniciação ao Matlab;
Experiência Profissional:
- 1990- 2000 – Desenhador de Construção Civil (AutoCad):
- 2001-2004 – Empregado de Escritório (António Luís Magalhães & Sobrinhos, LDA);
- 2004-2010 – Desenhador de Construção Civil;
Experiência Profissional Adicional:
- Conhecimentos de Cálculo de Estruturas (Programa Cype);
- Conhecimentos do Programa de Elementos Finitos (Ansys);
- Conhecimentos de Fortran;
- Experiência em hardware;
e-mail: fontinha_francisco@sapo.pt
17.08.11
Chamava ao silêncio noite, e à noite desassossego, apelidava o dia de tristeza, e quando acordava, antes de abrir os olhinhos, cruzava os braços sobre o peito, sacudia as pernas das migalhas do sono, e gritava,
- Estou vivo,
E tem dias que lhe apetece dizer Porra, hoje estou morto!, e alguém descobre que é o contrário de estar vivo, que ele pensa que não, e eu, o autor deste texto, igualmente que não, estar morto não é o contrário de estar vivo,
- Porra, hoje estou morto!,
E pode ter a certeza que já vi com estes olhos que um dia a terra vai comer mortos com aspeto de vivos e vivos, ai senhor, vivos que mais pareciam mortos,
Mas deixamos os mortos e os vivos e vamos às coxas do mar quando ao fim da tarde os barcos preparados para aportar, e as coxas silenciam-se como alicates a torcerem os ponteiros do relógio, ele de mangas arregaçadas e cachimbo na boca e em sinais de fumo, e do outro lado do rio, a prostituta marreca que via o dia chegar ao fim com meia dúzia de moedas na bolsinha, e feitas as contas nem dá para comer, ao preço que o peixe é pago na lota, queixava-se o Ernesto enquanto esperava pelas autorizações necessárias para a respetiva ancoragem e descarga,
- Porra, hoje estou morto!, e o António em resposta ao Ernesto É como no Douro, qualquer dia temos de dar as uvas de borla,
E vamos à tasca e pagamos bem caro o vinho, e vamos ao restaurante e pagamos bem caro o peixe, a prostituta marreca a revindicar enquanto aguardava pelo sinal de Stop da pensão e autorização para subir até às águas-furtadas subsidiadas pela EU,
- E o que faz falta neste País (Portugal) são mabecos para morderem os tornozelos às sombras que vagueiam pelas esquinas e avenidas e coxas de mar e a puta que os pariu, e juro, senhor, juro que estive para perguntar à prostituta marreca a razão de estar tão zangada e querer mabecos, veja senhor, mabecos a pingar tornozelos, mas sabe, não tive coragem,
Chamava ao silêncio noite, e à noite desassossego, apelidava o dia de tristeza, e quando acordava, antes de abrir os olhinhos, cruzava os braços sobre o peito, sacudia as pernas das migalhas do sono, e gritava,
E uma outra voz nessa manhã gritou; Morreu o tio Ernesto…
06.08.11
Sabes, meu amor, não existe manhã,
As flores são feias,
E a noite não tem encantos,
E não adianta escrever que te amo…
Se eu nem consigo alcançar o Pinhão,
Quanto mais, meu amor, chegar à lua onde habitas,
Três longos dias de viagem,
O pesado capacete na cabeça,
O fato que me faz comichão e alergias…
E depois os enjoos,
E a falta de cigarros,
Sabes, meu amor, também não existem pássaros,
O Tejo é mentira,
E Belém,
Ai Belém, meu amor, Belém morreu dentro de mim,
E olha-me de uma lápide disfarçada de cacilheiro,
Mas retomando à viagem até ti, meu amor,
A lua, meu amor, a lua onde habitas é linda,
E à noite peço-lhe que desça,
Devagarinho, e me entre pela janela,
Que te dispas e te deites sobre mim,
Sim meu amor, esquecemos o fato e o capacete,
E os enjoos, sim e os enjoos,
E te abraces ao meu corpo de terra húmida de Luanda,
Sabes, meu amor, sei que estou vivo,
Sei que estou vivo quando oiço a tua voz amarrotada na noite,
- Francisco, OLÁ!,
E olho o céu e não encontro a lua,
É tudo mentira, meu amor,
O céu é mentira,
O sol, meu mar, é mentira,
E sabes, meu amor, durante a noite a tua mão visita-me,
E nos teus lábios sinto a espuma do mar,
O orvalho misturado no cacimbo,
E meu amor, é tudo tão estranho,
Sabes, meu amor,
Muitas vezes não sei se estou em Portugal ou em Angola,
E depois sei onde estou,
Abro a mão nos silêncios do teu cabelo
E meu amor, nenhum papagaio de papel para eu brincar…
28.07.11
Tentei de tudo
E não consigo
Descalcei-me no rio
E galguei socalcos
Subi montanhas
Desci ao inferno
Escondi-me nas sombras
E aterrei no xisto em migalhas
Tentei de tudo
Fiz peito ao vento
Atirei pedras às estrelas
E nas nuvens adormeci
Tentei de tudo
Mas o meu corpo de barco enferrujado
Teima em ancorar-se na esquina da rua
À espera que uma alma bondosa de sucateiro
O venha desmantelar…
Tentei de tudo
Senhores vejam só
Até rastejar pelo chão fui capaz
E afinal não adianta tentar
Não vale a pena lutar
Tentei de tudo
E para quê?
Escreves bem, dizem alguns…
És inteligente, dizem outras...
Aos primeiros que metam a escrita cu acima
E às segundas que introduzam a inteligência na vagina
Se não és filho de pai rico
Se não lambes botas
Ou se não tens cartão do PS ou PSD
Estás completamente fodido…
E acredita
A cultura é uma merda que não serve para nada
O homem quer-se inculto
A cuspir no chão e a dizer palavrão…
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