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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


31.03.23

Peço a Deus-todo-poderoso

Criador da vagina

E do pénis

Deus dos mares e das terras não cultivadas

Deus da enxada

E do prazer

Deus que inventou o homem

E a mulher

E o homem da mulher

Quando a mulher da mulher

Depois do filho dele

Sentado à esquerda de:

Bem-vindo a casa.

 

Deus misericordioso

Dos Ricos

Dos pobrezinhos

Dos ranhosos

E das ranhosinhas…

Deus

Entre todos os Deuses

E entre todas as equações

E dentro de todas as camas

Em todos os lençóis

Deus do tesão

Da infertilidade

Deus dos asteróides

E dos espermatozóides

 

Peço a Deus-todo-poderoso

Criador da vagina

E do pénis

Servomotor da paixão

Piloto-automático do desejo

Entre duas pinceladas de silêncio

E um grama de tesão,

 

Deus ao cubo

À vigésima quinta potência

Quando a raiz quadrada do medo

Em função do mestre faroleiro

O gajo deita farpas na fogueira

E o desejo abre a janela do paraíso

E Deus

Também o obreiro e criador e mister e pai do filho acabado de nascer

Ranhoso

Ranhosa

Flor em papel

Lápis da madrugada

Quando o Deus

Criador

Designer de todo o Universo…

Morre…

À espera de uma consulta médica:

O louco toma a drageia e esconde a cabeça na almofada.

 

 

 

 

Alijó, 31/03/2023

Francisco


30.03.23

CUIDADO COM O POETA: ele MORDE.

Aquele que te ladra

Aquele que se alicerça em ti

Que te come

Que se delicia com a tua língua

Aquele que escreve nos teus braços

Nas tuas nádegas

Aquele que finge ser a tua sombra

Que lê os teus livros

Que come a palha do teu colchão

Aquele que voa

Aquele que tomba no chão

Aquele que mija

Que porcamente cospe no chão.

 

Aquele filho da puta

Que te ameaça com palavras

Que em vez de te atirar com pedras…

Atira-te com a tabuleta que brinca no portão

CUIDADO COM O POETA: ele MORDE.

Aquele que te ladra

Aquele que finge ser o teu fiel cão

Que deixou de ser cão

(DIZEM: dizem que agora é um estorninho com asas de nylon)

Aquele que cospe

Que mija

No chão.

 

Aquele que quer ser como tu

Um (tu) diferente

Que em vez de ser CÃO

É… Cãozão

É boi de primeira

Alface de lábios pincelados de vergonha

Aquele que morre

Aquele que inventa o cão

Na voz de cão

O cão que escreve

O cão que fala

Que ladra

Ladra

Ladra

Cão. Cabrão. Colhão. Chão.

 

Toca o telefone

É do trezentos e quatro

Terceiro direito

Uma janela virada para o sol

Outra janela virada para a morgue

Um cão.

Cão.

CUIDADO COM O POETA: ele MORDE.

Aquele que te ladra

Aquele que se alicerça em ti

Que te come

E enquanto o poeta não MORDE

E em cada filho da puta

Daquele que morde

Deixa de morder…

E

 

CUIDADO COM O POETA: ele MORDE.

 

 

 

Alijó, 30/03/2023

Francisco


30.03.23

Peço ao meu último cigarro

(banhado a prata e com as insígnias: L&F)

Peço ao meu último cigarro,

Travestido de bala,

Que antes de perfurar o meu esqueleto de sono,

Faça com que a madrugada se pincele de noite,

Escura,

Fria,

Cinzenta,

E muito fria

E muito cinzenta e muito escura...

E muito fria.

 

Peço ao meu último cigarro

(após Deus ter desertado da Armada)

Que me traga os fósforos,

As palavras das cinzas dos livros entre névoas de medo

E outras tantas palavras,

Palavras de merda,

Palavras de Deus,

Homem integro,

Homem da farra…

Palavras

Na palavra.

 

Se nascer menino…

Será trapezista,

Se nascer menina…

Será Deusa das palavras & Afins da madrugada, Limitada…

Com sede na Rua do Alegrim,

Trezentos e quatro…

Mil e quinhentos – trezentos e dois…

Lisboa.

 

 

 

 

Alijó, 30/03/2023

Francisco


29.03.23

Em cada livro

Há um sorriso escondido,

Em cada livro,

Habita um beijo prometido,

Em cada livro, que leio, que escrevo…

Há uma manhã que não se cansa de acordar,

Uma noite em brincadeira,

Uma noite em luar,

Em cada livro,

Um poema,

Um texto para amar…

 

 

 

Bragança, 29/03/2023

Francisco


28.03.23

Ardem nesta fogueira sem nome,

Os sonhos,

Ardem nesta fogueira imunda,

Todas as palavras

E todos os luares,

 

Ardem nesta fogueira que transporto no peito

Todos os silêncios

E todas as madrugadas,

 

Ardem,

Dentro de mim,

Todos os rios

E todos os mares…

E todos os barcos,

 

Ardem

Todas as flores da Primavera,

Todos os horários desmedidos…

Ardem as canções

E os poemas…

E ardem as manhãs ensonadas…

E os poemas sofridos.

 

 

 

Alijó, 28/03/2023

Francisco

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