15.07.23
Não sei o nome deste Oceano,
Frio,
Escuro,
Onde me escondo,
Não sei o nome deste Oceano
Onde se escondem todas as minhas fotografias,
Mortos,
Quase mortos, outros,
Todos.
Não sei o nome deste Oceano,
Onde todas as noites vêm a mim…
Todas as palavras,
Todos os nomes,
Os vivos,
Os mortos,
Cemitério de poemas…
Deste Oceano,
Inventado,
Em delírio.
Não sei o nome deste Oceano,
Das madrugadas sem luar,
De luares sem nuvens,
De nuvens sem poesia,
E pergunto-me,
Como poderá a noite viver sem poesia…
Neste Oceano de luz,
De rochedos travestidos de noite,
Quando a noite te pertence,
Também tu, adormecida,
Morta.
Dentro deste Oceano.
Não sei o meu nome,
Não sei o nome deste Oceano…
De petroleiros em sono,
Quando um pedaço de insónia
Entra pela janela,
Ao cair da noite,
Nas tuas mãos
Este Oceano de enganos,
De outros tantos pedaços de luz,
Quando o meu nome
É pincelado nos teus lábios.
Não sei o nome deste Oceano,
De ruas sem janela,
De janelas sem os doces cortinados do desejo,
Escondes-te dentro deles,
Sacias a tua sede com o silêncio do meu olhar,
Neste Oceano onde te escondes,
Neste Oceano de montanhas e planícies em fuga…
Não sei o nome deste Oceano,
Onde brinco com os meus traços envergonhados,
Quase a desfalecerem de sono,
E, no entanto,
Dentro deste Oceano,
Há uma vírgula que me aprisiona…
Aos versos deste Oceano.
15/07/2023