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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


30.09.23

Em pó me transformarei

Do pó nasci e me criei

Poeira

Grãos de areia que fogem da peneira

Pedaços de nada

Que se vestem de madrugada

Sem eira nem beira

 

Nem nada na algibeira

Em pó serei

Do pó acordei

Sem saber o preço do luar

Ou quanto custa um shot de noite

No pó inventei

Poemas que sonhei

Poeira… envelhecida poeira

 

Na poeira que serei

Serei pó

Serei húmus com sabor a ausência

Da ciência

Em viver antes de ser pó

Antes de ser poeira

E estar só

 

Em pó me transformarei

Do pó nasci e me criei

Poeira

Sem saber o preço da morte

Que está pelos olhos da morte

Do pó à poeira

Eu serei

Areia

Mar e poeira

 

 

30/09/2023


23.07.23

Olho o teu retracto

E olha…

Quem diria

Estás com muito bom aspecto

E até pare que os anos não passaram por ti.

 

Olho o teu retracto.

Escondo no teu retracto, o meu retracto

Um qualquer

Pode ser no Mussulo

Pode ser aqui

Ou ali.

 

Olho o teu retracto

E olha…

Quem diria

Parece que os anos se esquecem de ti

E se lembram de mim.

 

Olho o teu retracto

E confesso-te

Que começo a odiar o teu retracto

E todos os meus retractos.

 

Olho o teu retracto

E não vejo nada

Nem um sorriso disfarçado

Tão pouco

Os segredos da madrugada.

 

Olho o teu retracto

E vejo o meu rosto abraçado a um baloiço

E enquanto me transmites a força necessária para eu voar…

Eu olho o teu retracto

E no teu retracto

Escuto os silêncios do mar.

 

 

 

23/07/2023

Luís


23.07.23

20230723_192142.jpg

 

Suicido-me com o primeiro sorriso da manhã

Agarro-me ao vento

Abraço-me ao vento

E peço

E peço ao vento

 

Suicidar-me com o primeiro silêncio da manhã

Nas palavras que escrevo

E que lanço

Sobre o papel

 

Suicido-me com o primeiro abraço da manhã

Quando Deus desliga as estrelas

E lança sobre a Terra a alegria

De quem pensa

Que não pensa

Que a poesia

É vida

E que da vida

Suicido-me com o primeiro desejo da manhã

 

Suicido-me com o primeiro olhar da manhã

E que Marte me escuta

E me vai levar

Para as suas planícies

 

Suicido-me com o primeiro grito da manhã

Que na madrugada cresceu

E na minha mão

Depois de me suicidar com o vento…

Morreu

 

Suicido-me com o primeiro lençol de tristeza

Que no mar habita

Sem saber quando é dia

Sem saber quando é noite

Porque se suicidou ele com um beijo

E apenas sabe

E nunca se esquece

Que o poeta se suicidou…

Com a palavra; Amo-te.

 

 

 

 

23/07/2023

Francisco


26.06.23

20230626_193534.jpg

Voa a paixão nas tristes árvores do desejo

Que abraça o medo da solidão,

Quando na claridade

De um beijo,

Um tamarino em tua mão

Chama a si a clepsidra da saudade,

 

E do homem que sou,

Dos meus olhos tristes no sémen das palavras envenenadas

Uma árvore se cansou

Como se cansam no fervilhar do prazer

As madrugadas que não tenho, nas madrugas em que vou,

Não vou mais viver,

 

Viver para quê, se a vida é apenas uma sombra de luar

Em direcção à morte,

E quando se vive a paixão nas tristes árvores do desejo,

No triste orvalho sem destino,

Há sempre uma flor cansada de gritar…

De gritar por aquele triste menino,

 

E deste corpo sem sorte,

A nuvem de luz sem tino

Corta a cabeça milenar das cansadas

Espadas,

Nas espadas… deste pobre menino,

Menino que espera pela morte.


16.06.23

Sem mim

De mim

Sem mim este baloiço se suicida

Quando cair a noite

Junto ao rio

 

Sem min

Este baloiço de espuma

Que se despede a cada madrugada

Da outra madrugada

 

Este baloiço

No baloiço de nada…

Este baloiço de espuma

Sem nada

Entre mim

Da morte e outras coisas…

 

Que sorte

Se ele morresse

Se ele se matasse…

Sobre o baloiço da noite

Do baloiço da sorte

Enquanto a noite…

Baloiça nas mãos de Deus…

 

Sem mim

De mim

Outro baloiço

De corda ao pescoço…

No baloiço da morte

A sorte

De morrer…

Quando cair a noite junto ao rio.

 

 

 

Francisco

16/06/2023

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