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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


19.12.20

Um louco será sempre um louco.

Cerram-se todas as janelas da poesia,

Morrem todos os pássaros da minha aldeia,

De tanto, o pouco,

Das flores donzelas que eu queria…

Antes do horário da ceia.

Caem sobre ti as loucas fotografias,

Escrevem-se as palavras sobre a ria,

Depois, vem a fantasia,

E, o amor e, a alegria.

Escrevo-te, meu amor,

Todas as tardes em beleza,

Sinto, sento-me, nas heteras mãos de Deus,

Sabes? O palhaço está doente,

A flor,

Tua doce boca, só, na clareira,

E, todas as sanzalas, e, todos os musseques,

Doentes

Como Deus nos apetece.

Esqueço,

Durmo nesta cama azada,

Entre um cobertor de pano

E, uma nova namorada.

Entre palavras parvas

Que assombram as minhas mãos;

Sabes, meu amor!

A vizinha está encharcada de veneno,

Trouxe a morte,

A vaidade…

E, escreveu seu nome,

Nas amplas matrizes de poder,

Olho-a,

Vejo-a,

E, loucamente te beijo,

E, loucamente,

Eu, este louco que te quer.

Um louco será sempre um louco,

No destino de viver.

 

 

Francisco Luís Fontinha, Alijó/19-12-2020


21.11.14

(para os meus pais)


 


 


O “foda-se” triplicado na equação do Adeus


a morte


o corpo evapora-se e viaja em direcção a um punhado de fotografias a preto e branco


a roldana da insónia range


gritaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa..................................


não posso mais


estou mergulhado no teu sorriso como um pêndulo sem alicerce


embriago-me nas tuas pérolas falsificadas


olho-me no espelho... pareço um falhado construído de cartão


sem coração


em revolução...


apetece-me matar todas as flores do teu jardim


aprisionar os pássaros dos teus sonhos...


não posso mais com rostos transformados em nada


corpos cadentes


e lágrimas


o “foda-se” triplicado na equação do Adeus


a morte


o corpo vacila no sentido descendente da impaciência


penso


escrevo...


nada... apenas “merda”


e


e complicadas matrizes melódicas


a fome que não é fome...


e quando apareço nos seus cabelos...


ela me inventa equações sem resolução


os anais


sem personagens vestidas de marinheiro desempregado


o estranho


a pintura de engano das tuas veis desalojadas do Sol


e desengano-me a cada pedra de xadrez...


 


 


 


(não sou eu...)


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Sexta-feira, 21 de Novembro de 2014


26.02.14



foto de: A&M ART and Photos


 


A imagem tua estampada no rosto inverso do vidro


vêem-se de ti os cabelos da madrugada trigonométrica procurando senos e cossenos


e dentro do círculo trigonométrico


os teus tristes lábios em três quartos de pi radianos


a imagem acorda em ti e cansa-se do silêncio transferidor


e as lágrimas envergonhadas como pedras fundeadas na ribeira do Adeus


desaparecem ao amanhecer


tenho medo confesso-lhe


e ela desesperadamente


desenha-me na ardósia manhã como beijos tangenciais ao quadrado do Amor


o rio flui até encostar-se à fórmula fundamental da trigonometria...


e percebo que o seno ao quadrado de alfa mais o cosseno ao quadrado de alfa é igual à unidade... a (imagem tua estampada no rosto inverso do vidro...)


 


Imagino-te nua sem saberes que no espelho encarnado vivem gaivotas veleiros


e pernaltas petroleiros


 


A imagem tua estampada no rosto inverso do vidro


a equação da Saudade desfaz-se em pedacinhos papeis...


que voam em direcção ao infinito onde se abraçam rectas paralelas e ventos circunflexos


corpos incandescentes ardem como ângulos adormecidos


há lareiras em desejo na janela da noite


quando os versos transformam-se em sanduíches de nada


e do nada


a tua imagem sem saber que as integrais triplas são amantes dos cossenos hiperbólicos...


a matriz transposta invade o púbis da matriz inversa


choras...


dormes... como uma criança deitada na equação diferencial da paixão


e a tua imagem... e a tua imagem esconde-se na lixeira do inferno.


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Quarta-feira, 26 de Fevereiro de 2014


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