25.01.23
Há prendas de aniversário que nunca se esquecem.
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25.01.23
Há prendas de aniversário que nunca se esquecem.
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13.01.23
Um vinil nas mãos de uma criança
Que gira
Que dança,
Um vinil revoltado
Triste
Muito triste
E cansado.
Um vinil que gira
Que dá voltas á Terra,
Um vinil sem sorte
Na pouca sorte de girar,
Um vinil que grita
As canções de embalar.
Um vinil que traz a morte
A infância
E a espingarda desassossegada,
Um vinil vestido de poema
Que foge
Que se esconde na tua cama
E nunca viu a madrugada,
Um vinil refractário
Desobediente,
Um vinil que habita no armário
E está sempre doente.
Alijó, 13/01/2023
Francisco Luís Fontinha
10.12.22
Se eu não morrer
Ensinar-te-ei a escrever as primeiras palavras
As tuas primeiras equações
Gostas de equações
As mais simples
Às mais complexas
Equações trigonométricas
Equações de segundo grau
Equações diferenciais
Se eu não morrer
Levar-te-ei a ver o primeiro clarear da manhã
O teu primeiro luar
O primeiro pôr-do-sol
Se eu não morrer
Ler-te-ei o primeiro poema
Tantos poetas que tenho para te mostrar
Herberto
AL Berto
O'neill
Cesariny
Se eu não morrer
Ler-te-ei textos de Proust
Gogol
Ou de Luiz Pacheco
Se eu não morrer
Ensinar-te-ei a desenhar nos lábios da madrugada
A pintar o sono na geada
Se eu não morrer
Levar-te-ei a ver o mar
E os barcos da minha infância
E as mangueiras da minha infância
Se eu não morrer
Ler-te-ei os meus textos
Os meus poemas
Os meus livros
E mostrar-te-ei as minhas telas
Se eu não morrer
Mostrar-te-ei como se constroem pontes
Edifícios muito altos
Se eu não morrer
Oferecer-te-ei os teus primeiros livros
As tuas primeiras tintas
As primeiras telas
Se eu não morrer
Tirar-te-ei os teus primeiros retractos
E conhecerás as tuas primeiras cidades
Vilas
E aldeias
Se eu não morrer
Levar-te-ei ao Tejo
E a todos os rios do Planeta
Onde há um rio para olhar
Se eu não morrer
Ouvirás todo o tipo de música
E assistirás a todo o tipo de dança
Se eu não morrer
Levar-te-ei ao circo
Ao teatro
Cinema
Se eu não morrer
Farei tudo isso
Enquanto sentado numa cadeira em frente à Baía de Luanda
Espero que me levem
Que me levem para as sombreadas paisagens de prata
E me deixem brincar no telhado zincado de uma nobre cubata
Se eu não morrer.
Alijó, 10/12/2022
Francisco Luís Fontinha
16.02.20
Negrito, negrito,
Grito,
Gato,
To,
Miau.
Negrito,
Passeia-se pelo destino,
Desenha no pavimento,
Um grito,
Ou silêncio de menino.
Negrito, negrito,
Quando o cansaço acorda,
Corda,
No pescoço do periquito.
Negrito, negrito,
Assobio,
Matinal alvoroço,
Em fastio,
O tio,
Demãos no bolso.
Negrito,
Negrito, pois então,
Calma, calma companheiro,
Que ele, o gatito,
Não é difícil de passar a mão.
Ai, negrito,
Então, pois, é negrito…
Finge-se de morto,
Morto morrido,
Gato, gato vadio,
Vadio de ter sentido,
No pulso,
Nas mãos,
A espingarda da loucura,
Dura, negrito, dura,
Sem perceber que há um grito,
Uma palavra na ternura.
Negrito, negrito,
Negrito,
Guito,
Guito.
Negrito.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
16/02/2020
03.01.15
(Desenho de Francisco Luís Fontinha)
o sémen invisível do sono alicerça-se aos lençóis de porcelana,
habito um terceiro andar reumático,
romântico,
loucamente apaixonado,
brinco com os círculos do desejo,
tenho um sonho,
acordo e sinto-me um palhaço de vidro,
sem beijos,
sem... sem abrigo
e uma jangada de insónia poisa no meu ventre...
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 3 de Janeiro de 2015
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