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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


14.01.23

Mecanismos

Braços e abraços

Pernas

Pedaços de aço

Rodas e roldanas

Veias

Dedos

Nos teus lábios

Máquinas

Volantes,

 

Máquinas de barbear

Na mão

Parecem um vibrador

Também uma máquina,

 

Máquinas de partir pedra

Máquinas de sonhar

Máquinas de voar

Nas máquinas fotográficas,

 

Máquinas de fazer pão

Nas máquinas de dormir

Máquinas

Vielas

Dedos

Abraços

E braços,

 

Máquinas

Máquinas de terraplanagem

Máquinas de insónia

Nas máquinas de amar

Das máquinas de morrer,

 

Somos máquinas

Máquinas de viver

Nas máquinas de inventar

As máquinas,

 

Somos máquinas

Nas máquinas

Das máquinas que não são as máquinas

E que fodem as outras máquinas,

 

Máquinas de acariciar

Entre as máquinas

Nas máquinas,

 

Somos máquinas

E de máquinas e máquinas

O uísque em máquina

Do cigarro de máquina,

 

Máquinas

Das máquinas e máquinas limitada

Em trabalho

No trabalho da máquina,

 

Máquinas infinitas

Nas máquinas sem combustão

Das máquinas eléctricas,

 

Somos máquinas

Máquinas de viver

Nas máquinas de foder,

 

As máquinas,

 

Nas máquinas que somos.

 

 

 

 

Alijó, 14/01/2023

Francisco Luís Fontinha


12.11.14

As máquinas enraivecidas


como vozes sem dono vagueando no areal


o sexo morre quando regressa a preia-mar e levita o caixão da insónia


um pequeno soluço


uma fina película de vento poisa sobre o corpo dela


e não existem gaivotas nas proximidades


a cortina nocturna do desejo... desce ao silêncio corpo fervilhando


dás-me a mão


e em finíssimos esqueletos de palha voando em direcção ao cinzento telhado de xisto


alcançamos o beijo


desenhado


decalcado nos teus lábios em flor,


as máquinas não sentem nem sabem o significado do “AMOR”


e tal como eu


um exército de máquinas desconhece o significado do “AMOR...


queria ser um barco passeando pela cidade adormecida


deitar-me quando todos acordam...


e acordar quando todos se deitam


levemente e aos poucos


alicerçar-me à minha cama desgovernada


sem nome


sem nada...


queria ser um barco... um barco em papel descolorido


amargo


sofrido


um barco simples


mais simples do que o “AMOR” das máquinas e do exército de máquinas...


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Quarta-feira, 12 de Novembro de 2014

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