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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


17.04.23

Semeio nos teus lábios de pétala

Os beijos que o luar desenhou

Beijo os teus lábios em pétala…

Flor do meu castelo

Vinhedo com vista para o Douro…

Socalco da tua maré em sono

Enxada do cansaço

No teu corpo misturado

Semeio nos teus lábios

O abraço

A palavra que grita

E grita

Grita…

 

A palavra em finos traços

Gemido na madrugada

Semeio nos teus lábios

A Primavera

E todas as árvores que acordam com a Primavera

Coração ao vento

Enquanto a barcaça do desejo

Rodopia em pequenos círculos

Semeio a palavra

Semeio

Semeio na tua mão

O silêncio

Enquanto o teu anjo azul escreve no teu olhar…

Amo-te

Enquanto o teu anjo azul…

Pincela os teus lábios de doce mar

E uma gaivota em liberdade…

Voa em direcção ao Sol

Sem perceber que o Sol...

Que o Sol é a paixão disfarçada de luz.

 

 

 

Alijó, 17/04/2023

Francisco Luís Fontinha


02.12.19

Sinto-te nesta casa fria e escura.


Neste casebre abandonado,


Sinto-te nas paredes cansadas desta espelunca,


Na sombra de um qualquer coitado; eu.


Sinto-te em perfeita brancura,


Das palavras que escrevo e pronuncio…


Que nunca,


Vou desenhar uma gaivota em cio.


 


Sinto-te como se fosses uma pomba.


Sinto-te como se fosses uma bomba,


Esquecida no mar,


Esquecida de rebentar.


 


Sinto-te e não te vejo.


Pareces invisível neste labirinto.


Pareço o Tejo.


Voando baixinho, quando não minto.


 


Sinto.


Sinto tudo isto enquanto não consigo adormecer.


Sinto a calçada chorar.


Sinto o meu corpo sofrer…


Com medo de morrer.


Com medo de acordar.


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


02/12/2019


19.07.17

Tão longe entre montanhas e socalcos,


Cravado na terra cremada da saudade,


O comboio se perde nas curvas do amanhecer,


O apeadeiro da solidão agachado junto ao rio…


Sem conseguir adormecer,


Uma voz se perde na caminhada como se fosse apenas uma gaivota amedrontada…


Tão longe entre montanhas e socalcos,


Finge acordado,


Esperando os apitos aflitos do maquinista…


Até que o pôr-do-sol regressa,


E amanhã novo dia, nova noite, e a tarde sempre igual…


Nem vivalma para entreter o estômago do desassossego.


 


 


 


Francisco Luís Fontinha


Alijó, 19 de Julho de 2017


26.07.14

Esta vida que não me esquece,


cai a noite e me absorve, e me evapora,


desço a calçada como poeira cansada,


e aos poucos, despeço-me do rio,


despeço-me da alvorada,


sento-me, e espero o regresso do amanhecer,


folheio um livro, leio um poema amaldiçoado,


dói-me o corpo, e esta vida que não me esquece,


 


Desenho uma gaivota apaixonada pelo silêncio do mar,


há uma cabana sem lareira, uma cabana atraiçoada,


e eu sentado, converso com a gaivota, converso com a cadeira...


sobre esta vida que não me esquece,


e me evapora,


folheio, folheio... e o livro do poema amaldiçoado... me deseja,


me leva para o solstício do beijo,


e sendo eu sou um ausente,


que não sente, que não ama...


pergunto-me... o que é o amor?


É uma cidade destruída? É uma canção com poemas de chorar?


que a vida não esquece, que a vida não me esquece... de me recordar...


 


Esta vida que não me esquece,


quando lá fora há estrelas à minha espera,


quando lá fora a gaivota apaixonada... chora,


porque foi maltratada, porque foi espancada...


pelo vento da clareira cinzenta,


que desce comigo a calçada, e... e me atormenta.


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Sábado, 27 de Julho de 2014


15.07.14

Imagino-me dentro de ti,


 


O sonho, o sonho invade a clarabóia das serpentes,


há uma montanha, uma montanha desenhada na rocha submersa da solidão,


imagino-me dentro de ti,


sentir o odor do papel amarrotado, triste...


cansado,


o sonho tem um nome,


vive dentro de um corpo anónimo, diluído nas asas de uma gaivota,


há um esqueleto em revolta,


faminto,


tão... tão desgraçado...


escreve, e das palavras se alimenta,


e vive, e sonha...


 


Imaginando-se dentro de ti!


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Terça-feira, 15 de Julho de 2014

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