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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


06.11.14

Quando as algemas do silêncio poisam no meu finíssimo pulso de fugitivo,


ando em viagem há quarenta e dois anos,


sonhei dentro de um paquete,


que hoje...


hoje apenas sucata,


voei sobre a cidade do beijo,


e...


e do Tejo,


cansei-me dos apeadeiros sem transeuntes,


desertos,


sós... como os pedintes,


só... como o desejo,


 


Fui vagabundo nocturno,


magala desalinhado,


obstruído nas catacumbas da solidão,


drogado de profissão...


embriagado das sanzalas de granito,


com fotografias para o obscuro corpo de uma bailarina,


quando as algemas do silêncio poisam...


e eu, e eu longínquo como os pássaros em cartão,


dormi na rua,


vagueei pela cidade à procura de nada,


apenas caminhava...


e não acreditava,


 


E não acreditava na ausência,


e...


e no amor eterno,


amor de “merda”


só a cidade me alimentava...


e acolhia,


apaixonei-me por cacilheiros e marinheiros invisíveis,


fui trapezista junto à Torre de Belém...


e sentava-me no pavimento cansado dos fins de tarde,


imaginava-te num caderno de desenho Cavalinho,


escrevia nas páginas adormecidas do “Doutor Jivago”...


e hoje pertenço às “Almas Mortas” do Nikolai Gogol.


 


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Quinta-feira, 6 de Novembro de 2014

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