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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


27.04.19

Um fio de luz,


Desce o teu corpo,


Tens na algibeira o livro da nova poesia,


Que um dia, vai aportar na tua mão.


Trazes nos lábios o sabor da cereja bravia,


Cansada de correr,


E um dia,


Junto ao mar,


Vai morrer.


Trazes nos cabelos a luz da madrugada,


Negra,


Sem perceber,


Que a paixão,


Um dia, que a paixão um dia vai adormecer.


Trazes na boca a loucura,


As tâmaras apaixonadas da Primavera,


Toco-te, e acaricio-te…


E da minha mão,


Brotam toneladas de palavras.


São rosas,


São gladíolos…


São jardins em construção…


Como vampiros.


 


Um fio de luz, no teu olhar.


 


Serve-me.


 


Inspira-me.


 


Enquanto desce a noite nos teus seios…


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


27-04-2019


25.11.13



foto de: A&M ART and Photos


 


apetece-te recortar os sobejantes pedacinhos de tecidos que a vida nos deixou


insistes e desistes


hesitas


recomeças vagueando sobre a sala de jantar com a tesoura da solidão em riste


embrulha-la cuidadosamente nas sombras inquinadas dos desenhos sem tecto


e nas paredes vãs dos teus olhos de avelã...


simples teias de aranha esperando o sopro do teu sorriso


um pequeno movimento transatlântico descai e avança contra as âncoras do desejo


sinto-te mergulhar nas clandestinas veias dos cadáveres cerâmicos da desajeitada cozinha...


apetece-te recortar-me porque imaginas-me como um pedacinho de tecido


negro


com pálpebras de cereja


 


hesitas


insistes e desistes


recomeças vagueando nas estrelas cansaços dos divãs de xisto


desces socalcos


sobes penedos envenenados com os teus lábios de sabor adocicado...


voltas a descer e hesitas


insistes e desistes


acordas cedo quando ainda dormem todos os medos que a madrugada inventa


às vezes pareces um candeeiro à minha espera


no fundo das escadas


aproveitas o vão da insónia


para recordares os beijos molhados das húmidas noites de navegação interstelar...


 


vadio sinónimo de mim quando gritas o meu nome


apetece-te recortar-me como o fizeste aos sobejantes pedacinhos de tecidos que a vida nos deixou


hesitas


insistes e desistes


gritas


gritas


gemes como ravinas infestadas de ratazanas coloridas


um pelotão de fuzilamento vem direito a nós


tu... eu...


hesitamos


gritamos


fingimos que somos filhos do mar


 


… e morremos...


 


 


(não revisto)


@Francisco Luís Fontinha – Alijó


Segunda-feira, 25 de Novembro de 2013


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