Trazias nos lábios
Os doces lírios da Primavera,
(às palavras o seu descanso)
Ouvíamos o uivo silêncio
Que transportavam a forca da saudade e,
Todo o Universo dormia na tua boca.
Escrevíamos nas tempestades nocturnas do luar.
Quando nas profundezas do rio,
Acordavam os pássaros sem nome,
Eles, dançavam nas espingardas
Que disparavam sobre as sombras
Cansadas na neblina.
Ouviam-se as lágrimas sentidas
Que a morte transporta nas mãos do poema…
Das flores que gritavam,
Regressavam as manhãs de vidro.
Assim, após a morte do poema,
Uma lápide de tristeza sombreava o teu nome,
E o triste poeta,
Sem perceber que nas madrugadas de prata brincam crianças,
Sorriem jardins e,
Vivem as gaivotas,
Regressava à gruta da solidão.
Hoje somos apenas pedaços de nada,
Dois círculos de luz
Envenenados pelo silêncio…
Hoje, somos apenas cansaço.
Alijó, 12/04/202
Francisco Luís Fontinha