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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


16.04.23

Pega na tua melhor roupa

E veste-a.

Depois

Procura a espingarda de tinta permanente,

Uma pequena folha em papel…

E dispara.

Mata tudo aquilo que dentro de ti habita,

Dispara,

Dispara…

E suicida-te na paixão das palavras.

Não tenhas medo de morrer…

Não tenhas medo em morrer acorrentado às palavras,

Dispara,

Mata;

Mata tudo aquilo brilha quando nasce o dia…

Mata e dispara

Puxa o gatilho

Porra

Mata-me

Caneta dum caralho.

 

Veste a tua melhor roupa.

Penteia-te e barbeia-te,

Calça os teus melhores sapatos,

Depois,

Puxa de um cigarro,

Acende o cigarro,

E dispara,

Mata tudo,

Mata.

Mata todos os poemas de merda que escreveste.

Não tenhas medo de puxar o gatilho da tua esferográfica…

 

Mata.

Mata-te.

Mata-os e mata as flores do teu canteiro sonolento,

Dispara,

Não tenhas medo de disparar essa velha espingarda,

Não tenhas medo de o fazer,

Mata tudo.

E depois mata-te…

Puxando o gatilho de tinta permanente.

 

 

Francisco

16/04/2023


08.07.17

Uma caneta cravada no peito,


Jorram palavras amargas das veias do poeta,


O homem suicidado deita-se no chão firme junto ao mar…


Uma árvore cintila no vento invisível da noite,


A morte,


O homem suicidado sorri das flores sobre o seu corpo,


A cada dia, uma amoreira dorme,


Sonha…


Inventa desenhos no silêncio da escuridão,


A viagem renasce ao nascer do Sol,


A aventura de galgar os rochedos da solidão,


Adormecidos os corpos nos fósforos da miséria…


O poema grita,


Chora…


Uma caneta cravada no peito do artista,


O fim aproxima-se enquanto lá fora uma criança brinca…


E chora,


O poeta grita…


E morre na tua mão.


 


 


 


Francisco Luís Fontinha


Alijó, 8 de Julho de 2017


08.01.15

uma caneta no silêncio da noite


vagueia na mão da liberdade


beija palavras


e abraça-se aos desenhos que só as paredes de um olhar


conseguem projectar


na madrugada de uma cidade…


não há covarde


ou idiota


… ditador


cabrão…


que com uma espingarda


ou canhão


consiga amedrontar


a palavra


disparada


pela caneta no silêncio da noite!


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Quinta-feira, 8 de Janeiro de 2015


31.08.14

Ele suicidou-se nas palavras,


transportava no peito uma ardósia de silêncio,


caminhava sobre o inventado mar das terras assustadas,


e acreditava nas palavras...


tinha um saco de pano onde tudo guardava,


cartas,


rosas embalsamadas...


e livros amachucados,


trazia na pistola uma bala de prata,


um coração de vidro...


e um beijo de lata,


apontou-a à caneta de tinta permanente,


e...


e suicidou-se nas palavras,


lá ficou ele entranhado nas terras assustadas,


como um cão raivoso,


como um pássaro sem asas,


o amor do poeta suicidado vestia-se de papel,


trazia nos lábios um poema amaldiçoado,


com palavras assassinas...


descia a montanha,


sentava-se junto à ribeira,


e na algibeira quase sempre uma caneta apontada,


a pistola com corpo de mulher,


nua, percebia-se na areia as curvas lunares,


e nuvens de insónia...


ele suicidou-se nas palavras,


quando a tarde ainda brincava nas terras assassinas.


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Domingo, 31 de Agosto de 2014

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