16.04.23
Pega na tua melhor roupa
E veste-a.
Depois
Procura a espingarda de tinta permanente,
Uma pequena folha em papel…
E dispara.
Mata tudo aquilo que dentro de ti habita,
Dispara,
Dispara…
E suicida-te na paixão das palavras.
Não tenhas medo de morrer…
Não tenhas medo em morrer acorrentado às palavras,
Dispara,
Mata;
Mata tudo aquilo brilha quando nasce o dia…
Mata e dispara
Puxa o gatilho
Porra
Mata-me
Caneta dum caralho.
Veste a tua melhor roupa.
Penteia-te e barbeia-te,
Calça os teus melhores sapatos,
Depois,
Puxa de um cigarro,
Acende o cigarro,
E dispara,
Mata tudo,
Mata.
Mata todos os poemas de merda que escreveste.
Não tenhas medo de puxar o gatilho da tua esferográfica…
Mata.
Mata-te.
Mata-os e mata as flores do teu canteiro sonolento,
Dispara,
Não tenhas medo de disparar essa velha espingarda,
Não tenhas medo de o fazer,
Mata tudo.
E depois mata-te…
Puxando o gatilho de tinta permanente.
Francisco
16/04/2023