03.12.20
Às cinco menos um quarto
O teu corpo coberto de poeira
Nos teus lábios, a doce madrugada quer acordar,
Na tua boca, as palavras de luz
Que habitam nos meus olhos.
Às cinco menos um quarto
Um relógio de sono
Quase a desmaiar,
Será fome? Ou apenas manha do dono…
E, dos pássaros às árvores
Enquanto flor nocturna,
Desce sobre ti a triste madrugada,
Em Dezembro estás,
Em Janeiro ficarás nesta aldeia das quatro esquinas de luz,
E contra os rochedos,
As lâmpadas do poema em cio.
Às cinco menos um quarto
A minha mão nos teus seios,
As ditas palavras de ontem,
Tristes,
Vergadas pelo peso do sono,
Em Janeiro acordarás,
Deste azarado Dezembro.
O jantar está óptimo,
Como sempre,
Como todas as palavras,
E, bebo todas as equações do desejo.
Sou eu, não te recordas da minha mão?
Quando ontem
Às cinco menos um quarto
Na tua boca
A minha boca
Adormeceu
Cansada
Viva
Mais feliz pelas palavras comidas
E, de todas as equações sofridas,
Toca o telefone,
Era ela
E, às cinco menos um quarto
Um quarto
Uma janela
E, um sorriso de mar.
Francisco Luís Fontinha, Alijó/03/12/2020