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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


27.04.19

Um fio de luz,


Desce o teu corpo,


Tens na algibeira o livro da nova poesia,


Que um dia, vai aportar na tua mão.


Trazes nos lábios o sabor da cereja bravia,


Cansada de correr,


E um dia,


Junto ao mar,


Vai morrer.


Trazes nos cabelos a luz da madrugada,


Negra,


Sem perceber,


Que a paixão,


Um dia, que a paixão um dia vai adormecer.


Trazes na boca a loucura,


As tâmaras apaixonadas da Primavera,


Toco-te, e acaricio-te…


E da minha mão,


Brotam toneladas de palavras.


São rosas,


São gladíolos…


São jardins em construção…


Como vampiros.


 


Um fio de luz, no teu olhar.


 


Serve-me.


 


Inspira-me.


 


Enquanto desce a noite nos teus seios…


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


27-04-2019


29.04.18

Em redor dos teus cabelos,


A fragrância alvorada da tristeza; como é feio o meu jardim!


As flores de papel que alimentam o teu desejo,


Quando um caquéctico relógio de pulso se suicida na madrugada,


Fico triste, pois claro,


Aborrecido,


Cansado das canções dos teus lábios apaixonados,


Quem me dera que fossem por mim!


Quem me dera…


Quem me dera ser o teu jardim!


 


 


 


Francisco Luís Fontinha


Alijó, 29 de Abril de 2018


10.12.14

Sou um estranho teclado


dentro do teu peito,


sou a manhã na boca da insónia...


e perco-me nas tuas mãos


como um pássaro em sofrimento,


surpreendo-me com o teu olhar entranhado na escuridão,


pareces um cortinado invisível,


uma espingarda de papel...


 


sou um estranho teclado


dentro do teu peito,


sou os rochedos incinerados


que escondem as tuas palavras,


e nunca tenho tempo para abrir a janela


do teu coração,


sou um emaranhado de estrelas


sem passado nem canseiras,


 


Sou um estranho...


… no teu peito,


visto-em de negro


e confundem-me com a noite,


sou o silêncio dos teus cabelos


e a cartilha dos teus medos...


sou a clarabóia do teu sorriso


quando lá fora...


 


gritam o meu nome em vão,


e eu, e eu nunca tive um nome,


uma pátria,


uma bandeira,


 


nem... nem paixão...


 


gritam o meu nome em vão,


e o teclado estranho


que habita no teu peito...


chora... chora como a bala de um canhão.


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Quarta-feira, 10 de Dezembro de 2014


04.07.14

Sabias dizer-me a cor dos teus olhos,


nunca esqueceste o cansaço dos meus cabelos,


sabias... e deixaste de saber...


o que escrevo,


o que quero escrever,


sabias como eram as madrugadas de Agosto num jardim clandestino,


tão pequenino,


tão...


e deixaste de perceber os silêncios do amanhecer,


sabias dizer-me a cor dos teus olhos,


sabias,


sabias e tinhas medo da minha voz trémula,


 


Desfocada no espelho de um quarto escuro...


sabias,


e não me querias dizer...


como eram belas as gaivotas do Tejo,


 


De como eram belas as ruas desertas de Belém,


sabias a cor dos teus olhos...


… e não sabias... e não querias saber...


de como eram belos os barcos que vociferavam palavras nas noites frias de Inverno,


que inferno,


saberes...


e não me quereres dizer,


que... que havia uma janela pintada de veludo,


que... que havia uma clarabóia sobre o esqueleto do Oceano,


tu sabias,


tu sempre soubeste...


que eu, que eu era construído em ferro fundido dúctil.


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Sexta-feira, 4 de Julho de 2014


02.07.14

Este Oceano que me alimenta,


este cansaço que me habita, e se afugenta,


este corpo que desenha um abraço na janela que levita,


estes lábios secos, trémulos... e desorientados,


estes poemas molhados,


que a tua mão aquece,


e merece,


a minha mão sentida, a minha mão sofrida,


este Oceano que me engole,


e come como se eu fosse uma bandeira,


ai, ai este corpo que não dorme,


este corpo esquecido nos cabelos de uma ribeira...


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Quarta-feira, 2 de Julho de 2014

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