17.10.22
Escrevo-te, enquanto acorda em mim
O triste silêncio da manhã,
E perco-me nos teus lábios,
Seara madrugada
Dos meus tristes pecados,
Escrevo-te, enquanto as minhas palavras
Acordam nos teus olhos silenciados
Pelo alegre luar,
Escrevo-te, enquanto olho este mar
Que leva para longe todas as minhas madrugadas,
E são infinitas.
Escrevo-te, janela lunar
Dos medos envenenados,
No corpo complexo e invisível
Dos bosques em esconderijo abraço,
Escrevo-te, milhafre
Das tardes junto ao rio,
Nas montanhas do Adeus…
Escrevo-te, poema milagre,
Que poisa sobre ti,
Antes de terminar o dia.
Escrevo-te, carta sem destinatário,
Menino dos calções…
Enquanto fugias da lareira
Das noites frias de Inverno.
Alijó, 17/10/2022
Francisco Luís Fontinha