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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Cachimbo de Água

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28.09.12

Às escadas solitárias


da casa assombrada


um vidro de imensidão fúnebre


abraça o cadáver da noite


pergunto-me se o amor existe


ou


ou não passa de um sonho encalhado no oceano da insónia


perfeitamente mergulhada nas planícies entre as paredes da infância


 


às escadas


a solidão


às escadas da morte o perfume das rosas de papel


que a miúda do rés-do-chão esquerdo construiu com sorrisos de medo


e lágrimas de incenso


 


é de noite


e todas as estrelas dormem dentro da casa assombrada


 


às escadas solitárias


chegam os uivos e gemidos de um mar imaginado


que o miúdo com sorrisos de medo


irmão da miúda com sorrisos de medo


espera pela chegada das árvores do Outono


 


é de noite


e todas as estrelas dormem dentro da casa assombrada


 


e eu sinto-me milimetricamente enjaulado nas três paredes de veludo


com um crucifixo suspenso


circunflexo


à roulote da vida


o circo com trapezistas e palhaços e crianças com sono


 


é de noite


e todas as estrelas dormem dentro da casa assombrada


pergunto-me se o amor existe


e percebo que todos os cigarros da saudade


morreram


e hoje uma ténue luz substitui a clarabóias do sonho


 


se o amor existe


(quero-o).

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