17.01.21
Flui o amor
Na rosa pétala geada,
Nasce nos teus lábios o sabor a amêndoa cansada.
Desparece a madrugada,
Nas páginas do poema flor;
Eis a manhã do meu sonhar.
Todas as horas e, todos os relógios a cantar,
Todas as flores na tua mão
Dançando a cantiga de embalar…
Flui o amor
Na rosa pétala geada,
Entre conversas de conversar
Entre murmúrios de adormecer.
Pobre coração!
O teu.
Janela para o jardim do amor,
Fotografia em flor,
Máquina volátil de enganar,
Revoltam-se todas as flores
Deste jardim de madrugar.
Flui, flui o amor
Nesta mão pétala rosa geada,
Canção de embalar,
Sorriso de nevão,
Cantiga,
Lágrima água ao acordar;
Dai-me a vossa mão,
Senhor, senhora, menina de brincar.
O doce lençol de linho,
Na triste cama da Donzela adormecida,
Menino,
Menina…
Foto muito querida.
Flores,
Paus,
Pedras de atirar,
Canções de mendigar
Quando a aldeia está a arder,
O fumo alimenta-a
Como todas as rochas de sofrer.
Encontrarás um dia o alegre destino?
Só aos Sábados,
Só aos Sábados, menino.
Francisco Luís Fontinha, Alijó-17/01/2021