17.08.21
Escolho a noite para desejar o teu silêncio,
Beijar a tua boca de amêndoa
Nas planícies tempestades de Inverno.
Escrevo o poema
No teu corpo
Quando a fotografia do teu sorriso,
Manhã cedo,
Me alimenta ao pequeno-almoço.
Abraço-te como se fosses a única flor do meu jardim,
A última palavra que escrevo na minha lápide…
Sendo assim,
Amar-te é fácil; desejar-te sabendo que um desenho
Dorme na tua mão.
Desejar-te sabendo que tens no olhar
A maré de prata dos silêncios incandescentes
Da madrugada;
- beijo-te.
Escolho a noite
Para acariciar a tua pele pergaminho,
A equação resolúvel das tuas coxas
Num qualquer caderno quadriculado,
Sabendo
Que nos teus seios
Habitem as papoilas da minha infância.
Pego nos meus olhos,
Transcrevo em mim
As palavras proibidas do meu vocabulário;
Assassinos,
Todas os monstros da noite.
Dos teus lábios
A insónia cigarrilha
Que se funde na minha mão;
Serei capaz de te amar como mereces?
Das palavras,
O meu silêncio
Numa noite em desejo.
Amar-te.
Escrever-te.
Sabendo que lá fora o mar espera por nós.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 17/08/2021