29.08.22
Se estas mãos acantonadas
Escrevessem nas páginas sonâmbulas
Do meu pedacinho de mel,
Se estes olhos em lágrimas luar
Poisassem nas tuas pétalas encantadas,
O poema voava sobre o mar…
E as minhas palavras amarguradas
Morriam nos lábios de uma abelha,
E da noite acordaria a paixão.
E se o meu pedacinho de mel
Voasse nos meus braços,
A tela fantasma da solidão
Transformar-se-ia em luz…
Depois de adormecer a alvorada.
Se estas mãos acantonadas
Escrevessem nas páginas sonâmbulas
Do meu pedacinho de mel,
A noite pincelava-se de dia,
Como as flores tristes dos finais de tarde.
Se o meu pedacinho de mel
Dançasse na madrugada,
Desenhar-se-ia nas nuvens
A enxada desgovernada do silêncio
Em pequenas gotículas de desejo.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 29/08/2022