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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


11.04.15

Não sei


Meu amor


Porque poisam em mim as estória de luz


Às vezes amo-te


Não desconheço se tu


És


Um livro, um poema, uma imagem ou um triciclo em madeira


Poderias ser o regressar ao ponto de partida


Luanda


Mil novecentos e sessenta e seis


Número três


Vila Alice


 


Os berros e os espirros dos automóveis pôr-do-sol


A naftalina do olhar


Na gaveta do sexo


Imagino o teu corpo


Meu amor


Um odor de palavras


Inseminadas por uma caneta de tinta permanente


Permanente


Eu


Aqui


Nesta


Vida de “merda”


 


Nunca


Meu amor


Quis


Nunca meu amor


Quis ser poeta


Sei que não o sou


Nem serei


E nem quero


A paixão da alma


Na fala desenhada


Pela mão do murmúrio


A aldeia em chamas


 


E os transeuntes


Entre estradas de gelo


E bermas de cansaço


Não


Meu amor


Não existem noites coloridas


Em sapatos em verniz


Bicudos


As calças embrulhadas nos tornozelos


E os ossos embalsamados


Alimentava-me dos teus lábios


Meu amor


 


Perdi


Tudo


A imagem da tridimensional alegria


Hoje


Sou


Um


Gajo


Triste


E tímido


Como as andorinhas da tua casa


Os torrões de açúcar dos melancólicos teus seios


Sou


 


Um


Gajo


Triste


E tímido


Hoje


As equações dormindo debaixo da cama


(o gajo está apaixonado)


Os palermas acreditando que


Amanhã


Um


Gajo


Tímido


 


Tão cinzento


Como a própria noite


Sem vaidade


Número de polícia


Ou


Ou cidade


As máquinas assassinam


O dormitório do prazer


A cama


Meu amor


Desfeita


Em aventuras de algodão


 


E


Não


Não pertenço aos teus símbolos de sombra


Deixei de ter janelas


E portas


A minha casa


Sem


Telhado


Sem


Meu amor


Não


Não esta triste cidade


 


Sem shots de tristeza


Ou


Sexo


Barato


Sabes


Meu amor?


A inveja é uma chávena de café-com-leite


E torradas


A neblina invade


Os


Teus olhos


A neblina invade os teus olhos


 


Entre cartas e telegramas


Mãe?


Sim


Meu amor


Fui


Assaltado


Stop


Envia


Dinheiro


Ok


Beijo


Não meu amor


 


Não sei a cor dos teus olhos


Nem da tua pele


Não


Não meu amor


Amanhã é sábado


E não sei se te amo…


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Sábado, 11 de Abril de 2015

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