07.08.21
Trazes nos lábios
O silêncio
Onde habitam os peixes da minha infância,
Das tuas mãos
Oiço
O baloiço
Dos meninos da minha infância,
E, desenho a saudade
Na sombra sonolenta
Das palavras
Da minha infância.
Capto o sorriso que de ti
Palmilha as montanhas da minha infância,
Porque ontem
Percebi
Que já brincavas nas sombras da minha infância.
Oiço-te quando do longínquo oceano
Regressam as flores da minha infância,
E, talvez seja a chuva
Que deixei na minha infância,
Te liberte das palavras minhas,
Quando escrevia na laranja
O poema da minha infância.
Sinto o teu corpo
Nas fotografias da minha infância,
Um esbranquiçado preto e branco no silêncio infinito,
Quando dentro da cidade,
A janela da minha infância…
Brincava na montanha.
Sinto os pássaros da minha infância
Desajeitados como a minha boca,
Escrevendo beijos
Beijos e coisa pouca.
E, o rio.
O rio da minha infância,
Descendo a sanzala,
Uma cubata aqui,
Palhota acolá,
Mas na minha infância
Já sabia que os teus lábios
Eram desejos,
Desejos
Todos beijos.
Trazes nos lábios
O silêncio
No olhar as minhas palavras,
Sinto-o
E, alimento-me de ti,
Sempre que nasce a madrugada.
Francisco Luís Fontinha, Alijó/07-08-2021