21.12.21
Os dias são tardes perdidas
Nas mandibulas tuas mãos,
Os dias, os dias são margaridas,
Margaridas entre sins e nãos,
Os dias, os dias pertencem às noites esquecidas,
Das noites anteriormente perdidas.
Os dias são poesia, música, equação,
Os dias são horas adormecidas,
São palavras, são canção;
Os dias, os dias são todas as coisas permitidas.
Os dias são madrugada,
São o corpo na lareira,
Os dias são a alvorada,
Alvorada que brinca na fogueira,
Os dias são a manhã cansada,
Antes de acordar o dia; os dias são tristeza,
São garrafas embalsamadas na ribeira,
Os dias têm beleza,
E têm corpo de feiticeira.
Os dias são migalhas sobre a mesa,
São flores do meu jardim.
Os dias são tarde perdidas,
São pequenas coisas de mim,
Os dias são cores garridas,
Quando acorda o clarim.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 21/12/2021