04.03.22
As palavras envenenadas
Dançam sobre a floresta
Dos olhos cansados.
O poema nasce
Depois da noite se abraçar à ribeira,
O poema cresce,
Enforca-se nas páginas de um livro.
Os poemas são os olhos,
As palavras são a espingarda da madrugada,
As palavras envenenadas,
Que dançam sobre a floresta,
Nos olhos assassinados,
Nos olhos da madrugada.
As palavras morrem,
As palavras crescem,
A espingarda que dispara palavras,
Dentro da alvorada.
Estas palavras assassinas,
Nestas tardes de canseira,
As palavras disparadas,
Contra a lua desgovernada.
As palavras de mim,
Nas rochas amorfas da solidão…
Quando as palavras se enforcam.
Alijó, 04/03/2022
Francisco Luís Fontinha