03.09.20
Dos olhos cansados,
O velhinho poema esquecido na tua boca.
Traz as amargas palavras,
Este poeta dos olhos cansados.
Quando regressa a noite,
Acorda o girassol envenenado pelo desejo
E, o amor floresce na alvorada.
O beijo evapora-se nos teus seios,
As bocas famintas se alicerçam na noite,
Quando o silêncio vai em busca de uma jangada
E, sei que as tuas mãos semeiam as minhas palavras
Na terra bloqueada pela solidão.
Hoje, o poema é a verdadeira razão de te amar,
Acariciar o teu cabelo
Como quem colhe as flores do deserto.
Dos olhos cansados,
A clareira dorme no teu peito,
Ama-a,
Como quem ama a vida.
Peço-lhe que me dê as palavras que sobejaram dos alicerces nocturnos
Que abundam na cidade perdida.
Hoje, não há poema que me valha…
Porque o amor é fodido
E, a paixão,
Um simples rochedo de carne.
Francisco Luís Fontinha, 03/09/2020