18.12.21
Das palavras
À morte,
Cinco segundos de sono.
As tríades flores
Da sepultura sem nome,
Quando da lápide envenenada,
Quase noite,
Acordam as almas penadas.
Cinco segundos de sono,
Dançam na neblina madrugada,
Quatro palavras dormem nos braços da paixão,
Abraçam-no desde criança menino,
Até que o choro tomou conta dele.
As flores estão murchas,
As palavras, muito cansadas,
Da sua mão,
Quase invisível,
Constroem-se as migalhas nocturnas
Do cansaço.
Se bateram à porta,
Não me lembro,
Porque quase ninguém,
Bate à minha porta,
Tal como as canções que oiço,
Tal como as palavras que escrevo;
Cinco segundo de sono,
Chegam para desenhar a morte
No muro que circunda a aldeia.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 18/12/2021