24.06.22
Não sabíamos que da paixão dos barcos,
Um dia, hoje,
Cresceriam nuvens de saudade e,
Pedacinhos de neblina,
Fina simplicidade do cansaço,
Quando na tua face, ontem, brincavam as lágrimas do silêncio.
Não sabíamos que da paixão dos barcos,
Um dia, hoje,
O teu cabelo voaria em direcção ao mar,
Entre rochedos e sombras,
Entre papéis ensanguentados pela solidão,
Que hoje,
Que hoje são palavras na minha mão.
Não sabíamos que da paixão dos barcos,
Hoje,
Crescem nuvens de saudade e,
Algumas fotografias sem nome.
Hoje, ontem, amanhã…
O Sábado indefinido
Que adormece em ti,
Em mim, perdedor das marés,
Cancioneiro da tristeza;
E assim, acredito que as tuas cinzas
São barcos. A paixão dos barcos.
Alijó, 24/06/2022
Francisco Luís Fontinha