07.11.21
Abraço-te, sentindo que da lentidão das coisas,
Acordam na tua mão as rosas floridas,
Abraço-te, sabendo que na lentidão das coisas,
Vivem todas as palavras sofridas.
Abraço-te, sabendo que nos braços da lentidão das coisas,
Escrevem-se livros de poesia e, desenhos de viver,
Escrevem-se também, as palavras que ela sentia,
Nas palavras de morrer.
E de dizer.
Abraço-te, abraçando-me à lentidão das coisas,
Um perfume envenenado,
Talvez, como das outras vezes,
Um corpo ensanguentado,
Ou uma donzela em translação,
Talvez um corpo queimado,
Talvez, talvez uma enorme ferida no coração;
E, mesmo assim, houve uma vez,
Onde senti a neblina cansada da escuridão.
Abraço-te, quando na lentidão das coisas,
Regressa a noite bem vestida,
Se senta na esplanada da vida,
Grita,
Grita para a alvorada,
E ouve da enxada maldita,
O silêncio das abelhas em gargalhada.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 07/11/2021