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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


26.08.18

O louco sou eu.


Aquele que te acolhe nas noites de Inferno, recheadas de vento e veneno…


O louco sou eu,


Agachado nos socalcos olhando o Douro encurvado,


Pego na enxada da loucura, rezo pelo teu corpo e desespero-me em frente ao espelho envergonhado,


O louco sou eu, o teu eterno louco das tardes de poesia…


E sentia,


Dentro do meu peito, os apitos dos teus lábios afastando-se das marés de Inverno,


O sol que mergulha no xisto amarrotado pelo vento,


E as cidades que se escondem no poema…


Hiberno,


E para a semana que vem, fujo do teu sorriso,


Subo as escadas da morte,


E com um pouco de sorte,


Desprovido de juízo…


Uma caravela deita-se na minha cama,


Dispo-a,


Adormeço-a na minha mão…


Até que a tempestade nos separe.


 


 


 


Alijó, 26/08/2018


Francisco Luís Fontinha

...


01.07.18

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Todas as tardes te encontro


Nesta desassossegada tarde de Inverno,


Invento a chuva que humedece os teus lábios,


Abraço-te como se fosses a última árvore da floresta…


Na tempestade dos sonhos.


 


 


Francisco Luís Fontinha


1/07/2018


06.01.18

Somos canções de espuma.


Somos corações de aço em revolta,


Somos o tecto da sonolência repartido pelo perfume da tarde,


Somos a esperança,


Somos os socalcos embalsamados junto ao rio…


Somos canções de luta,


Cansada noite entre sombras e cabeças de vidro,


As ruas, os edifícios mórbidos dos condomínios desassossegados,


Somos palavras,


Poemas, somos livros desajeitados,


Nas salinas do amanhecer,


Somos Pátria,


Somos sonâmbulos enfeitados de espuma…


Nas canções de espuma.


Somos a liberdade,


Somos os jardins abraçados à liberdade,


Somos desempregados, homens, mulheres e crianças,


No circo da aldeia,


Somos a bandeira,


Somos a esplanada junto ao mar,


Somos a noite,


Antes de acordar.


Somos equações, metáforas e limões…


Somos cabrões,


Árvores da inocência,


Somos o Inverno,


Nas lareiras do Inferno,


Somos o vento,


A geada e o pensamento,


Somos tudo o que quiserem…


Só não somos esqueletos de xisto.


 


 


 


Francisco Luís Fontinha


Alijó, 6 de Janeiro de 2018


10.10.17

O corpo pincelado de noite,


Quando da noite regressam as barcaças do Inferno,


Não trazem destino,


Como no Inverno,


O menino…


O menino recheado de luz e incenso verbo,


Lá fora chora uma flor,


Um pequeníssimo poema morre de dor…


E o menino em febre, cansado da flor,


Deita-se sobre o orvalho imaginado pelo seu progenitor,


Prometo conquistar todos os ossos do teu corpo,


Prometo desenhar no teu corpo a sombra da revolta,


E que nunca mais volta,


Às escadas do sofrimento.


Oiço o teu lamento,


Os teus gritos contra os cortinados da Primavera…


Oiço o Outono na tua mão tão bela,


Quando a barcaça,


Em passo acelerado,


Bate contra os rochedos da desgraça…


E o menino,


Coitadinho…


No chão sentado.


 


 


 


Francisco Luís Fontinha


Alijó, 10 de Outubro de 2017


02.08.17

Perguntei ao flamingo se reconhecia a minha voz,


Escrevi-lhe bilhetes de infância sonorizados com nuvens envergonhadas,


Senti nele a tristeza das horas junto ao rio,


Permiti-me abraçá-lo, permiti-me acariciá-lo…


E daí nasceu um poema, palavras dispersas na madrugada por nascer,


Morreram os poemas, morreram as palavras…


Morreram os flamingos amigos do flamingo,


E, e eu fiquei só,


Tão só como as noites de Inverno.


 


 


Francisco Luís Fontinha


Alijó, 2 de Agosto de 2017

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