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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


30.12.14



(desenho de Francisco Luís Fontinha)


 


 


Há um beijo inventado


que habita nos meus lábios


há um corpo adormecido


em mim abraçado


há um poema no teu olhar


que transporta o cheiro do mar...


há uma ponte nos teus cabelos


quase a desmaiar,


 


o desenho no espelho embriagado,


 


há um livro nos teus seios


que não me canso de ler


e folhear...


há um desejo dentro desse livro que vive nos teus seios...


um desejo invisível


um desejo embrulhado em capim


e pedaços de cacimbo


há um beijo inventado


… nos meus lábios


em silêncio


a escrita cuneiforme


entre sombras de mármore e ossos...


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Terça-feira, 30 de Dezembro de 2014



01.12.14

Arcaico silêncio que finge adormecer nas minhas mãos


saboreiam o teu corpo pincelado de luz


como a névoa pálpebra de papel voando sob o púbis da madrugada


a mendicidade dos teus lábios quando o meu espelho se parte em teu sorriso


o verme poema enrolado nos teus seios...


em curvilíneos cansaços


traçando lágrimas de sémen no triângulo nocturno da insónia


da janela... o teu perfume em pequeníssimas lâminas de suor,


 


Uma equação de amor morre na quadriculada folha embriagada,


 


Arcaico silêncio que finge...


minhas mãos indiferentes à parábola do teu cabelo


se existes... é porque pertences às telas invisíveis do amanhecer


como andorinhas ancoradas às cordas da solidão


que ardem


e se evaporam...


 


Uma equação de amor morre na quadriculada folha embriagada,


 


E tu não percebes que há na matemática a paixão secreta do desejo


que na ardósia tarde junto ao rio


o teu corpo pertence-me na plenitude simetria de uma canção


que te revoltas


nos meus braços


como uma criança em distantes birras...


desenhando círculos na areia


ou... ou escrevendo sílabas numa rua sem saída.


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Segunda-feira, 1 de Dezembro de 2014


22.11.14

Queima o filme negro da tua vida,


ensina aos teus ossos as boas práticas de comer,


sem nunca mencionares o nome da despedida,


nem na rua invisível do teu corpo,


imagina o vento fatiado abraçando-se aos teus seios,


escrevendo neles...


Amo-te...


sem gaguejares,


sem medo de chorar,


os abutres cardumes da insónia


que se alicerçam aos teus cabelos de luar,


queima o filme negro da tua vida... como quem pronuncia pela última vez a palavra amar!


 


 


 


Francisco Luís Fontinha


Alijó, 22 de Novembro de 2014


08.08.14

Serás a eterna folha de papel,


a pele húmida da tempestade que me embrulha quando cai a noite na eira de Carvalhais,


oiço o espigueiro atrapalhado no interior das canções de um sino em delírio...


oiço a tua ofegante voz quando tentas tocar-me... e foges, e desapareces no trigo silêncio da madrugada,


serás a eterna folha...


onde vou escrever os meus beijos, onde vou escrever as minhas caricias e os meus desejos,


 


Serás o rio onde me vou sentar,


os socalcos seios onde poisarei a minha cabeça...


depois... depois de acordar,


 


Serás a migalha de prazer que deambulará numa cama inventada,


os lençóis de seda que as tuas mãos aprisionam..., os sótãos do amanhecer,


e os gemidos quando és penetrada,


serás o luar,


e os versos ensonados das manhãs de liberdade,


 


Serás a eterna folha de papel,


a tinta ensanguentada dos orgasmos poéticos,


serás a eterna claridade dos espelhos de brincar,


o carrossel de uma cidade..., o cansaço de uma noite de amar,


serás o trapézio que se esconde na ardósia da tarde...


… a geometria nocturna de um corpo entranhado pelo poeta sem nome!


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Sexta-feira, 8 de Agosto de 2014


27.04.14






no seu término o dia mistura-se com as sombras do prazer


o teu corpo mergulha sobre o meu peito flácido


quase a adormecer


lá fora há poemas por escrever


palavras vagabundas correndo junto ao Tejo


folheio as pequenas páginas dos teus seios


descubro o significado de “Amor”...


e sinto a paixão a entranhar-se nos meus ombros


 


há silêncios a descer a tua pele de doirado sémen


que acabam por morrer


semeiam-se nos límpidos lençóis de seda


como jangadas esquecidas em Cais do Sodré...


afinal... o sonho são as pequenas páginas dos teus seios


à janela do “Adeus”


simplesmente inventando soníferos de cartão


e livros a arder


 


há em ti um púbis construído de andorinhas


e flores de papel


e no seu término...


o dia... o dia cansado de viver


como se o teu corpo embrulhado nos meus braços de aço laminado


adormecesse vivesse amasse e morresse


e descubro o significado de “Amor”...


e de ser “amado”.


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Domingo, 27 de Abril de 2014


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