Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


30.11.23

Aquela janela chama-me para olhar a rua

E o que posso eu, ver na rua, de interessante

Transeuntes

Carros

Cães e gatos vadios

Vadios

Vida de lordes

Vida boa

Como eu queria ser

Vadio

Andar por aí

E ser gato

 

Ou por aqui

Pertinho de ti

Junto ao céu

Aquela janela, aquela janela parva

Que não serve para nada

A não ser

Proibir-me de olhar a rua

 

Proibir-me de te olhar

Hoje, aquela janela, quer que eu olhe a rua

E pergunto-me porquê a rua

Porque não o jardim

Porque não o Anjo

Porque

Não

Aqui pertenço antes de levantar voo e partir em direcção ao infinito, imagina-me, de braços cruzados, de calções,

A viajar para o infinito

 

E do infinito

Podia enviar-te um beijo

 

Aqui

Pertenço

A esta janela

Sem vista para o mar

Sem elevador

Sem condomínio

Uma janela inconsciente, embriagada quando regressa a noite, depois

Aterra no pavimento motorizado

E morre

De alegria

De chorar

Quando o navio zarpa

E nos lençóis do mar

As pirâmides do Egipto

O senhor

E Gizé fica do outro lado da rua

Segundo esquerdo

Lisboa

 

Durmo nos teus braços

Procuro a tua boca no cacimbo da tarde, encerro a janela, corro o cortinado

E ela dorme

E eu, sossegadamente, escrevo o poema amar, no teu

Corpo

 

 

30/11/2023

...


30.11.23

Para onde vai esta flor que tropeça no meu caminho

De onde vem esta flor que tropeça no meu caminho

Como se chama esta flor

Que atrapalha o meu caminhar

Para onde vai

Esta flor

Com olhos de chorar


30.11.23

Quem escreverá tudo isto

Quando escrevo com as minhas mãos

Todas estas palavras

Todas estas canções

Quem escreverá tudo isto

Tudo isto que eu escrevo

Tudo isto que não me pertence

Quem escreverá tudo isto

Tudo isto que me vence

 

 

30/11/2023

Dia


30.11.23

Escondo-me do dia

Enquanto o dia

Não é dia

Escondo-me no dia

Quando ao meio-dia

Me dizem

Que amanhã nascerá um novo dia

 

Escondo-me do dia

E de tudo que tem o dia

Depois peço ao dia

Que um dia

Um qualquer dia

Também eu seja dia

 

 

30/11/2023


29.11.23

No teu rosto, insígnia adormecida dos tempos de cólera, no teu rosto

A sílaba perdida do poema que o poeta escreveu à manhã.

No teu rosto, o sorriso da noite quando traz consigo a lareira da paixão, e o teu rosto, alicerça-se ao primeiro pingo de chuva,

Quando se erguem as margaridas deste jardim.

 

As luzes da rua, acordam do sonâmbulo dia, o teu rosto, esconde-se no

Meu rosto,

E a maré sonolenta, e a maré, enfeitiçada pela Aurora Boreal do teu sorriso, imagina no teu rosto um pedaço de sono,

 

No desejo da insónia,

 

Do teu rosto.

 

No teu rosto, ó meu amor, as sanzalas em brincadeira de criança, do teu rosto, quando penso na escuridão, e dou o triplo salto para o abismo,

Fecho os olhos, pego no teu silêncio, e sinto o teu rosto juntinho ao meu, e sinto a Primavera quando transporta na algibeira, as andorinhas, e do outro lado da rua, fica a casa, a casa onde escondo,

 

O meu rosto,

Do teu rosto.

 

No teu rosto, insígnia adormecida dos tempos de cólera, no teu rosto

A sílaba perdida do poema que o poeta escreveu à manhã.

Do teu rosto me escondo,

No teu rosto, deixo ficar, o meu rosto

 

E finjo dormir.

 

E desenho o teu rosto, no meu rosto, e desenho a tua mão, na minha mão

E depois da ausência, o mergulho no cacimbo, junto ao rio,

Daquele rio de que me escondo,

Do meu rosto,

No teu rosto

Este meu poeta com asas de avião, deste pobre poeta, do teu rosto,

O dia,

Em poesia.

 

No teu rosto.

 

Do teu rosto, a madrugada traz a palete de cores que o poeta vai deixar cair, aos pedacinhos, na tela sem nome, na tela vazia, vazia como a claridade lunar;

Finjo dormir.

Durmo no teu rosto.

 

Do teu rosto,

Mergulho, como descrevi à pouco, mergulho no cacimbo junto ao rio, mas que rio é este, este rio que não conheço, e este rio que também não conhece o teu rosto,

Neste rio de água cinzenta, na frescura paixão quando o pôr-do-sol corre para o mar,

E deixarei de ver o teu rosto.

 

Finjo, finjo dormir.

 

No teu rosto, insígnia adormecida.

 

 

29/11/2023

Pág. 1/16

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2014
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub