30.08.20
Tenho um nome
Suspenso na maré madrugada,
Tenho um sorriso desenhado
No silêncio da espuma cansada.
Ó mar,
Marinheiro acorrentado à tarde,
Barco em papel,
Murmúrios entre esqueletos vazios
E, valentia.
Tenho um nome
Alicerçado ao tempo infinito,
Morte,
Desejo;
Minto.
Perdão, meu senhor,
Este corpo lamenta o nome prometido,
Às portas da cobiça,
Quando a maré,
Mentirosa em mim,
Se deita nos teus seios de cetim.
Esqueço.
Prometo prometer,
Que amanhã, pela tarde,
Vou em ti escrever,
As palavras de nada,
Nas palavras em lata.
Ó mar, água salgada,
Menino de luz,
Na pedra semeada,
Ó mar, mar das cores iluminadas,
Barcaça…
Sílabas espancadas.
Ó mar,
Quão amor; pedras cansadas.
Francisco Luís Fontinha, 30/08/2020