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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


30.11.16

minha vida vagabunda


quando mergulhada em madrugadas doentes


umas vezes desapareço no cacimbo corpuscular…


outras sem vontade de navegar


entranho-me na noite imunda


com candeeiros de platina


nesta alma cansada


oiço nas tuas palavras o mar


e o silêncio nos dentes…


que encantam a minha triste sina,


não me peçam para escrever


as palavras do vento,


são ásperas, sonoras e inventadas pela sombra do luar…


sinto no corpo o vergar


das estrelas sobre o meu peito de sofrer


quando o sentimento de amar


quer ver-me morrer…


 


 


Francisco Luís Fontinha


30-11-2016


26.11.16

Me encontro neste caixote em cartão


Que a vida me deu,


Esta casa fictícia que só as madrugadas absorvem


Nos confins da tristeza,


Amanhã, amanhã uma árvore em despedida


Entranhar-se-á no meu corpo ósseo…


Do esquelético desejo


Entre os beijos desenhados


E os beijos… e os beijos aprisionados.


Sou uma planície sem nome


Mergulhada na solidão dos meus medos…


Me encontro


Neste esconderijo de cartão


Como um sonâmbulo desconhecido,


Triste…


Triste e aborrecido.


 


 


Francisco Luís Fontinha


26/11/2016


23.11.16

Escolho-te pelas desventuras dos segredos proibidos.


Escolho-te pela vaidade das madrugadas sem dormir,


Quando no horizonte se esconde uma andorinha selvagem, triste, sonolenta…


Escolho-te pelas nuvens de prazer que sobrevoam as cidades desertas, e cansadas.


 


E dos fantasmas as alegrias do teu olhar,


Escolho-te pela luminosidade da alvorada antes de acordar,


Golpeando a terra abandonada,


E fria da solidão…


Escolho-te porque nascem estrelas no teu sorriso de silêncio adormecido,


Quando não vêm as lágrimas do destino.


 


Escolho-te quando na minha mão poisas, brincas, saltitas como uma criança.


Escolho-te nas tempestades do deserto,


Ou nas ribeiras descendo a montanha…


E quando te escolho… acorda o dia no meu relógio sentado à lareira.


 


 


Francisco Luís Fontinha


23/11/2016


20.11.16

Não sei o que fazem estes pássaros desajeitados no meu quintal.


A pobreza tomou conta deles,


Adormece-os enquanto não regressa a noite


E a doçura da paixão sobrevive ao luar,


Alimentam-se do meu cansaço que vive desassossegado na minha mão,


Insiste na nobreza do espaço,


Inventa tempestades de açúcar


Como se fossem nuvens em papel.


O sono é um livro de despedidas,


Palavras à solta nos socalcos da solidão,


O prazer construído na cidade invisível


Que imagina horários abstractos e doentes…


Não sei,


Não sei o que fazem estes pássaros desajeitados no meu quintal.


 


 


Francisco Luís Fontinha


20/11/2016


17.11.16

vozes


a camuflagem nocturna da paixão


nos meandros do sono anunciado…


os gritos


o subscrito lacrado


que o Doutor recebeu


do dependurado luar


enquanto escrevia


viu


viu o milagre acontecer


desceu as escadas


começou a escrever


sem recordar o espelho que envelheceu


numa tarde de Outono… mais adiante


lembrou-se da corrente


que trazia suspensa no pescoço


morreu


e via


as madrugadas


e a estrela que lhe mente


quando as vozes


vozes


adormecem no caixão


da paixão


vozes…


nas profundezas do poço


que o corpo não sente.


 


 


Francisco Luís Fontinha


17/11/2016

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