Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


29.08.16

Desesperadamente


as minhas palavras


coladas no vidro da morte


em pedacinhos amargos


a boca do poema


em cio


mergulha ele dentro do silêncio


no desejo dos barcos entre as estrelas de papel


e a noite de fingir


assisto ao fim da noite


quando das vaginais madrugadas


ouvem-se os uivos das acácias em flor


 


desesperadamente


as minhas palavras


nos meus pequenos desejos de silêncio amargo


caminhar dentro do mar


antes de acordar o pôr-do-sol


 


dos vidros da morte


as minhas mãos em crustáceos de glicerina


os cogumelos da vaidade em sombras sibilas


e a laranja do amor


aos poemas loucos


as migalhas do aço inoxidável


nos olhos do deus do cio


desesperadamente


 


(desesperadamente


as minhas palavras


coladas no vidro da morte)


 


e a morte vive no meu corpo


desde o dia que acordei poema em cio


e todas as janelas da poesia não tinham visibilidade para o mar


e todos os barcos


e todos os barcos ouviam-se dentro das estrelas de papel...


 


 


Francisco Luís Fontinha


segunda-feira, 29 de Agosto de 2016


27.08.16

a tempestade cessou


nos meus braços de sonâmbulo, acorrentado


ao cais da saudade


imagino a madrugada adormecida, distante das pálpebras quebradas,


a tempestade cessou


no meu corpo escorregadio pelo suor da solidão,


vejo os tentáculos das palavras,


mortas,


ou quase mortas… em mim, em ti…


os velhos pilares de areia,


sinto a escuridão dos dias


quando tu não estás no meu círculo cinzento


que os barcos transportaram para o longínquo cemitério de pedra,


e antes da tempestade cessar,


antes de acordar em mim o sono,


tínhamos uma cama imaginária


que nos abraçava quando regressava o luar…


os lençóis em linho perfeito,


desenhos bordados pelas tuas mãos,


desenhos desenhados pelo meu olhar…


cansado olhar,


de te ver e ouvir,


quando cessou a tempestade,


e juntos…


e juntos ficamos presos ao mar.


 


Francisco Luís Fontinha


sábado, 27 de Agosto de 2016


18.08.16

Terra salgada,


esta,


onde escrevo,


e habito desordenadamente só…


terra de encantos,


e mortos,


palavras que o vento enrola,


palavras sós,


palavras soltas e livres,


terra de sofrimentos,


e esqueletos prateados pela geada…


terra salgada,


esta,


onde escrevo o teu nome…


sem nome,


nunca tiveste um nome,


apenas palavras dispersas,


palavras cambaleando na noite,


agreste,


fria,


a gente se enfurece,


a gente protesta…


e esta terra…


esta…


terra salgada,


triste ao luar,


alegre na madrugada,


esta terra merece…


um nome,


um beijo com nome…


terra salgada,


Agosto em raiva,


quase Setembro à porta…


e


e esta,


terra salgada…


chora.


 


Francisco Luís Fontinha


quinta-feira, 18 de Agosto de 2016


11.08.16

O esplendido silêncio amargo do corpo


Nas frestas cansadas da solidão


O derradeiro sopro


Insignificante


Que abraça este desiludido coração…


Quando amanhece


E finalmente


Os teus braços me lançam na madrugada


E esquecem


Aquele que não conhece


Os sonâmbulos que aquece…


A alma infeliz e rasgada.


 


Francisco Luís Fontinha


quinta-feira, 11 de Agosto de 2016

Pág. 1/2

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2014
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub