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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


30.07.16

As pedras


Onde nos sentamos e descansamos


Onde alicerçamos as mãos


E escrevamos


As palavras de sofrer…


 


As pedras


Do xisto madrugar


Que o príncipe depois de se deitar


Sonha com as pedras de amar,


 


As pedras


De ler…


 


As pedras de morrer


Sufocadas pelos beijos


As pedras


Meu amor


Dançando desejos


Nas janelas de acordar,


 


As pedras


De fumar


Nas searas cansadas pelos vento…


Não sentindo o mar


Nas pedras do pensamento,


 


(As pedras


Onde nos sentamos e descansamos


Onde alicerçamos as mãos


E escrevamos


As palavras de sofrer…)


 


Das pedras do saber…


 


Francisco Luís Fontinha


sábado, 30 de Julho de 2016


27.07.16

O vento a leva


O traz o vento depois da geada


Nos lábios da cegonha


As tuas palavras ofendidas


Nos miseráveis finais de tarde


Junto ao rio…


O silêncio do mar


Encastrado nos teus seios de espuma


O branco da tela


Sobre os lençóis da despedida


O vento a leva


O traz o vento…


Os socalcos do douro dançando numa velha esplanada…


E dos teus braços


As minhas mãos ensanguentadas


Putrefactas nos jazigos de pedra


O vento


Meu amor


O traz


A leva


Até ao pôr-do-sol


Se deitar no teu cabelo


O vento a leva…


O traz o vento…


A noite sem rumo


A noite sem vela.


 


 


Francisco Luís Fontinha


Quarta-feira, 27 de Julho de 2016


24.07.16

menino rabelo


galgado o rio até ao mar,


traz nos lábios a saudade


e nas mãos palavras de amar,


desembarca na cidade


com dois caixotes em madeira…


menino rabelo


que se deita junto à ribeira…


descalço e sem vaidade


o menino abraça-se à madrugada


como uma barcaça assombrando a alvorada,


menino rabelo


galgando socalcos de papel


e rochedos de cartão…


menino sem destino


que transporta no coração


um livro de mel,


menino rabelo


menino sem medo


das falanges de poeira…


menino que acorda cedo


o menino rabelo


menino que brinca na eira.


 


Francisco Luís Fontinha


domingo, 24 de Julho de 2016


21.07.16

vadios lábios


que a porcelana inventa


nas manhãs sem madrugada,


minha garganta degolada


pelas lâminas do xisto amanhecer…


o meu corpo lamenta


o silêncio de envelhecer


sem acreditar nas palavras de escrever,


vadios lábios


filhos da noite envenenada…


a corda suspensa numa árvore abandonada


alicerça-se ao meu pescoço…


 


e sou fatiado pela alvorada…


 


na tua boca enrolada


a língua artificial da pobreza


que vive e alimenta o meu olhar,


o orvalho sobre a mesa…


e dos pratos vazios… a sopa que traz o mar


e os barcos da tarde magoada…


 


e sou fatiado pela alvorada…


 


Francisco Luís Fontinha


quinta-feira, 21 de Julho de 2016


19.07.16

sossega…


vamos semear sonhos na alvorada


vamos pintar o céu de beijos


e de madrugadas... doces e belas


belas e desenhadas na tua tranquila mão de prata


sossega…


vamos plantar beijos nas searas


cobertas de películas de suor


que só a tua pele sabe escrever no fim de cada tarde…


sossega…


e vamos


adormecer no infinito.


 


Francisco Luís Fontinha


terça-feira, 19 de Julho de 2016

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