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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


31.07.15

Um cachimbo mergulha na água perfumada do silêncio,


Transporto nos ombros a insónia dos Oceanos,


Os ossos embalsamados embrulham-se nas paredes de vidro de um olhar,


Perdi o mar da minha infância,


Construo no coração um muro em xisto,


Ao longe os socalcos imaginários,


As janelas sem cortinado,


As fotografias envenenadas pelos sais-de-prata,


E eu, aqui, sentado, escrevendo coisas sem significado…


Palavras que se escondem no vento,


Os livros, sós, dormem sobre uma secretária doente,


Pego no cachimbo e finjo acreditar na solidão…


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Sexta-feira, 31 de Julho de 2015


29.07.15

desenho_28_07_2015_3.png


 (desenho de Francisco Luís Fontinha - Alijó / IPO-Porto, 28/07/2015)


 


Tenho asas nas pálpebras


Sou o solitário viajante das noites infinitas


Oiço a madrugada embrulhada em pedaços de lágrimas


E das palavras que incessantemente te escrevi


Já não preciso delas


Nem dos livros


Fotografias


Nada assim


Tenho nas mãos os secretos beijos dos teus lábios


Tenho no olhar a tua boca sonolenta


Em queda livre


Em direcção à cidade


Finjo que amanhã será um novo dia


Estará sol


E vão nascer nos teus braços tristes cordas de nylon


Transformar-te-ás num barco de papel


Sem bandeira


Comandante…


Nem precisarás de marinheiros


Ou vento para desceres a montanha da saudade


Imagino-te voando como as gaivotas sobre o Tejo


Sentava-me e fumava cigarros doentios


Depois escrevia num caderno o número de petroleiros contra o desassossego


Traziam a dor


E os movimentos pendulares do sonho


Tenho nas pálpebras


As asas


Que a madrugada há-de afogar nos Oceanos


Que a manhã há-de levar na algibeira


Para a outra margem


Fotografias


Em queda livre


Livre…


Como o luar dos amanheceres em vidro


Fusco


Cortinados abandonados numa janela sem sorriso


Fusco


Finjo…


Que tenho asas nas pálpebras.


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Quarta-feira, 29 de Julho de 2015


27.07.15

desenho_27-07-2015_2.png


 (desenho de Francisco Luís Fontinha - Alijó / IPO-Porto, 27/07/2015)


 


Vivo imaginando corvos poisados neste quarto cinzento,


Sinto ao longe os barcos em círculos atravessando a tempestade,


Esta cidade morre como morreram todas as flores do meu jardim,


E mesmo assim…


Não me apetece escrever neste lugar sem nome,


Não vejo as estrelas,


Perdi a noite


E os andaimes da escuridão,


Perdi a paixão,


Deixei de ter o rio nas minhas veias,


As calças cresceram,


Pertencem a outro arbusto,


 


E estou aqui… como um rochedo,


Perdido,


Vestido de medo,


 


Sentado numa cadeira invisível.


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Porto, 27/07/2015


26.07.15

WIN_20150726_170530.JPG


 


Cessem todas as luzes da madrugada,


Rasgam-se as palavras na fogueira da tristeza,


Tens na cama as amarras infinitas da dor,


Oiço-te,


Imagino-te brincando na eira junto ao mar,


As flores,


Emagrecem no silêncio do vento,


Fingem a Primavera os cortinados da noite,


E deixas de ter noite,


O relógio que transportavas no pulso


Habita hoje nesta cidade de lápides,


E o teu rosto é um plátano sem vida…


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


26-07-2015


 

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