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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


30.04.15

O significado da paixão


De todas as noites



Encerrado entre cinco paredes


Um pavimento


E tecto


Aluga-se


Meu amor


Barato


Farto das palavras


E do sindicato


Todos os Domingos


Feriados…


E… Domingos


Lembro-me de ti


Meu amor


Da carroça de bois


Penhorada ao silêncio


Das ervas


E


Dos cheiros


A morte alimenta-me


Sinto-a perto de mim


Como sentia o cheiro a “puta”


Quando…


Lisboa


Cais do Sodré


Fome


Não fome


E literatura


Farto-me


De ti


De mim


E deles


O significado da paixão


Pintado na parede da solidão


As palavras reduzias ao pó da insónia


Cresce


A


Noite


Em ti


Meu amor


Das palavras


E palavras


Limitada


Angola à vista


Apenas no mapa da infância


Meu amor


As sílabas apaixonadas do teu corpo


No meu corpo


O inferno


A chuva


Outra vez…


A paixão


O ódio das tristes tardes no jardim


Outra vez o jardim


E o beijo


Outra vez a vida


E o desejo


Em ti


Das minhas tristes palavras…


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Sexta-feira, 30 de Abril de 2015


29.04.15

Viajo nas tuas mãos


Andorinha selvagem


Sem poiso


Agreste


Na sombra da viagem


Peço-te o beijo da despedida


Não o queres


E rejeita-lo como se fosse uma faca de sangue


No corpo da paixão


Ignoro a tua ausência


Não percebo porque existem ruas desertas


Mulheres


Mulheres sem nome


Galgando a penumbra madrugada


Sem sossego


Sem


Sem nada


Viajo dentro de ti


À boleia do desejo


A sagrada noite vestida de lentidão


Sem


Sem nada


Amanhece


Cresces entre os desassossegos da liberdade


Trocas o beijo prometido


Por


Ausência


Falta de tempo


Porque amanhã


Tenho de trabalhar…


E eu


E eu amanhã tenho de escrever-te


Dizer-te


Dizer-te o que nunca tive coragem de o dizer


(covarde)


Eu sei


Sempre o fui


E sempre o serei…


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Quarta-feira, 29 de Abril de 2015


26.04.15

Esta vida em crescentes cansaços


a pele iluminada na ira do vulcão


como sempre


esboçando nos tentáculos orgasmos dos homens


este amor


meu amor


um computador


novo


(ao menos


enquanto estiver com ele


não penso em ti...)


como quando desenho noites


nos teus lábios


no espelho da cidade que nunca sorri...


 


Francisco Luís Fontinha


Alijó, 26 de Abril de 2015


25.04.15

as hastes virtuais do cansaço alimento


tenho no corpo as sentinelas do abismo


pensando bem


amanhã perguntarei ao corredor envidraçado


se...


se a Primavera é isto...


a porcaria caligrafia dos voos nocturnos da paixão


o exilado amor


acorrentado às primeiras páginas de um livro


as tormentosas sílabas do adeus


caminhando junto à praia


a morte constituída arguida das sombras em flor


o prisioneiro eu



sempre só


meu amor


amor meu



sou uma árvore sem sorriso


um esqueleto de letras


cambaleando na noite dela


nunca tive a noite


meu amor


sentia-me disforme


ambíguo


sonâmbulo das viagens clandestinas


no teu corpo em STOP


Pára tudo


meu amor


as pessoas


os carros


as pessoas e os carros


embrulhados em perfume de luz


vou


e acredito não voltar mais


para quê?


meu amor...


regressar aos teus braços...


 


Francisco Luís Fontinha - Alijó


Sábado, 25 de Abril de 2015

...


24.04.15

O envidraçado corredor alimentado por fotografias e pensamentos, olho as fotografias, e sinto os pensamentos no corpo, sento-me, e levanto-me, caminho sem destino, volto a sentar-me, e levanto-me, durmo, tantas vezes que o cansaço me absorve, que figura


Os esqueletos de luz passam, e


Que figura, embriagado por uma cadeira, não sonho, invento bonecos de palha no silêncio da dor, e a morte mesmo ao seu lado…


Perdi-me em ti, meu amor, não sei quando acordará a manhã e tu, cá, vestida de insónias sobre a minha campa de palavras, o envidraçado, de vez em quando, sorri


Odeio o riso, odeio a luz e a noite, odeio as cidades e os rios e o mar,


Os barcos,


O que têm os barcos, meu amor,


Corpos,


Mortos,


Desenhos na caligrafia, os desenhos embrulhados às poucas palavras,


Nunca


Lhe


Ouvi


Uma apalavra


Nunca lhe ouvi uma palavra, disse-me ela enquanto tomávamos um café


O cigarro,


Apagado,


O dia terminado, sem que eu tenha alcançado as ruínas dos teus ossos, a cada sílaba retirada


Um ai,


O cansaço das árvores enquanto dormem, as pedras minúsculas do teu olhar, pregadas, à parede sem saberem que o dia nunca existiu


O meu irmão António


O dia nunca existiu, tu, tu nunca exististe, ela nunca existiu nem ele e ela alguma vez tenham existido,


Confusão, as tuas palavras, confusão, meu irmão, a nossa vida


Desgraçada,


António, amanhã vais ao terreiro e trazes meia dúzia de cigarros, três ou quatro fósforos… e fugimos, para longe, meu irmão, para longe, lembras-te, quando pedimos à mãe que nos levasse ao circo…


Não gostavas de circo, não gostavas de nada nem de ninguém, não pertencias a esta vida, o agora, o antes, porque o depois


Circo, António,


Porque o depois torna-se o agora e o agora transforma-se em ontem, e onde estiveste ontem, António,


No circo, no circo,


Do envidraçado, não via nada, nada, apenas esqueletos de luz…


 


(ficção)


Francisco Luís Fontinha - Alijó


Sexta-feira, 24 de Abril de 2015

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