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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


30.11.14

A cidade a arder


quando os teus lábios se entranham nos meus lábios


alguém liga o interruptor da noite


e ela cai sobre os teus seios


como a tempestade


ou... ou a destruição do muro que nos aprisiona


e come a cidade a arder


e as ruas em fuga


para a outra margem


o barco escondido nas tuas mãos


nos leva


e desaparecemos na neblina,


 


A fogueira que há em ti


e faz do teu corpo o aço em delírio


o sino da aldeia nos acorda


e alimenta


e encanta...


como um jardim despido à nossa espera


tenho medo das tuas garras de serpente sem nome


envenenada pela paixão


a cidade a arder...


na cidade com fome


da cidade sem coração


da cidade dos rochedos em liberdade.


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Domingo, 30 de Novembro de 2014


30.11.14

Sinto as tuas mãos


meu marinheiro iletrado


ensanguentadas


poisadas nos meus ombros de xisto


o rio se entranha nas minhas veias


no meu peito socalcos se embriagam


e sentem


o peso da despedida,


 


a lentidão da esperança


mergulhada no lixo poético do meu cansaço


e há mulheres tão lindas... esperando um abraço,


 


e há mulheres tão lindas... esperando um beijo


e sinto


as tuas mãos meu marinheiro iletrado


quando as candeias da saudade acordam


e fingem


que hoje é dia dos tentáculos de sal


das palavras enxertadas de insónia


e meu querido...


as minhas palavras são a febre que alimentam as hélices do corpo em cio


e do clitóris da estória...


sinto as tuas mãos...


meu querido!


 


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Domingo, 30 de Novembro de 2014


29.11.14

A astronomia loucura do profeta


as paredes encarceradas do guerreiro desconhecido


à força e pela força


o cansaço espaço de luz nos confins rochedos da melancolia


a astronomia


embriagada pelos momentos sem pressa


numa carta de despedida


sem palavras


ou... ou remetente


uma aventura na escuridão da cama do sonambulismo


os cigarros absorvidos pela morte do fumo colorido...


e um caixão de espuma poisado nos alicerces da canção de revolta


 


cessem este destino


e o silêncio


da atmosfera encarnada em comestíveis soluços de desejo


a astronomia loucura do profeta


sentado em frente ao espelho da agonia


sem sentido


sem... sem melodia


antes de acordar o dia


 


o vento sofrido


o corpo mordido pelos meus dedos


o odor embalsamado do prazer


em finíssimos gemidos


e uivos...


e no entanto


não existem ruas na minha mão


casas


flores


nada


apenas... um rio adormecido numa fotografia


e um Domingo desorganizado e despido...


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Sábado, 29 de Novembro de 2014


29.11.14

A arte em desespero


que cresce no meu peito de vidro


há nas minhas palavras sorrisos de vento


e...


e segredos de nada


a arte em desespero que esta terra alimenta


o sofrimento da alma quando o livro se esquece de acordar


e cresce


no meu peito de vidro


a insónia do mar


e a tempestade de viver...


inventando espelhos inanimados


 


que só o corpo consegue fazer


 


a arte em desespero


na cidade dos enlatados lábios


o amor quando aparece...


e sem o perceber


em desespero


as minhas mãos evaporam-se na neblina assassina


não o quero


prefiro o invisível sapateado das amendoeiras em flor


a arte


em desespero...


a arte em desassossego


que o desespero pinta no olhar do pintor...


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Sábado, 29 de Novembro de 2014


29.11.14

Simplificado orgasmo sem sentido,


o prazer da escumalha insónia


quando o clitóris se enfurece


e foge... em direcção ao mar,


simplificado sorriso das tuas fantasias disfarçadas de cidade,


transeuntes em fúria,


nomes desorganizados


nos braços de estátuas embriagadas,


soníferos sofrendo quando a noite se despede do silêncio,


a morte em fumo


disfarçado de cigarro... a morte


o insignificante abutre na canção da estória...


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Sábado, 29 de Novembro de 2014

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