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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


30.09.14

Movediças lajes de areia


que transportam o meu corpo até ao entardecer


este feitiço não cessa de arder


e este cansaço parece desgovernado


como um barco


ou um coração apaixonado...


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Terça-feira, 30 de Setembro de 2014


29.09.14

Dormíamos sobre os limbos nocturnos da paixão,


existia entre nós uma canção melódica,


cansada de descer a calçada,


havia nos teus olhos a melancolia do amanhecer,


tal como os pingentes que o orvalho constrói nos teus seios...


dormíamos,


sem sabermos que ainda podíamos voar em direcção ao infinito castelo das areias brancas,


não sabias que eu era um transparente boneco de incenso,


dentro de uma caixinha em madeira,


só, só como as palavras embainhadas na espingarda da loucura,


dormíamos, dormíamos e construíamos papagaios em papel...


e da rua absorvíamos os esqueletos magoados do amor.


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Segunda-feira, 29 de Setembro de 2014


28.09.14

Se eu voasse


não atravessava o Oceano para em ti poisar...


 


se eu voasse


não me levantava deste banco de silêncio


com mãos de pérola adormecida


não gritava


não... não chorava


porque as palavras são searas de insónia sobre um papel queimado,


 


um punhado de trigo


voando


sonhando...


na planície dos corpos embalsamados,


 


se eu voasse


não atravessava o Oceano para em ti poisar...


 


não escrevia


não lia...


não


não acreditava no amanhecer amar!


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Domingo, 28 de Setembro de 2014


27.09.14

Liberta-me


desassossega-me esta insónia fervilhante


que atormenta as minhas mãos


e me proíbe de escrever


liberta-me quando começar a madrugada


e lá fora


ninguém


ninguém para me ver


ninguém para me observar


quero ser a noite vestida de luar


quero ser o socalco que nunca se cansar de olhar...


o rio


e as pessoas que o rio engole e mata


liberta-me


liberta-me deste cansaço desengraçado


que habita nesta sanzala de lata.


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Sábado, 27 de Setembro de 2014


26.09.14

Sentado te espero


sentado te procuro...


sentado te amo


sentado te abraço,


 


e não sei se tens forças para me alicerçares ao teu corpo,


tão pouco sei se tens corpo,


 


sentado te olho


sentado, tu


triste,


 


sentado te entendo


o que sofres


e o que resistes...


sentado sei que não vais desistir


de cortar os cadeados do sofrimento


nem vais fugir,


 


(e não sei se tens forças para me alicerçares ao teu corpo,


tão pouco sei se tens corpo),


 


mas sentado, eu, pego na tua mão e sinto em ti o luar.


 


 


 


Francisco Luís Fontinha – Alijó


Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014

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