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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


31.01.13

Uma casa com quatro janelas voava sobre a manhã apodrecida que do Douro acordava, devagarinho, e aos poucos, pedaços milímetros de saudade subiam os pinheiros vadios e os pássaros bebés brincavam solitariamente com minhocas e azeitonas em compota, eu ainda não era nascido, e dizia-se baixinho que as paredes tinham ouvidos,


O vento era tão forte naquela manhã que tivemos de nos acorrentar aos poucos muros em xisto que sobejaram das tempestades de areia vindas do outro lado da rua, o quintal benzia-se e rezava, e um crucifixo de areia prendia-se voluntariamente a uma árvore enfeitiçada pelo silêncio do amor proibido, havia claridade suficiente para que eles se vestissem e zarpassem como barcos encapuçados fugindo da polícia politica que o Estado tinha inventado, e eu que ainda não era nascido não podia dizer que o Presidente do Conselho era


“Um grande filho da puta”,


Às vezes tinha medo da escuridão quando caia a noite em Luanda, olhava o céu nocturno e sentia os limites entre quatro parêntesis e a casa da aldeia com quatro janelas, em círculos procurava os ouvidos das paredes, e em vão


Nada, nunca os vi, mas apercebia-me que às vezes em nossa casa os adultos conversavam baixinho, e muito devagar, eu questionava-os, e eles diziam que eram conversas de adultos, perguntava-lhes porque só eu é que jantava e eles


Não temos fome,


Curiosamente, nunca tinham fome, e curiosamente hoje percebo que o faziam para que o jantar chegasse para mim, e eu que ainda não era nascido não podia dizer que o Presidente do Conselho era


“Um grande filho da puta”,


Como todos os Presidentes do Conselho de todas as ditaduras, e curiosamente


Não temos fome meu filho,


Mergulhávamos sonambulamente nos barcos com algarismos pintados com restos de tinta que uma lata de sardinhas trazia na algibeira, e quase tenho a certeza que o mar queria comer-nos, mas nós éramos fortes e estávamos acorrentados a um fio invisível de aço que prendia-nos a tenda de lona ao muro anão de xisto com artrose e percebia-se que da coluna vertebral vinha um perfume estranho, como as palavras que o rio reflectia antes de chegarmos ao mar, e a chuva tomava conta de nós, e a chuva misturava-se nas garras dos senhores residentes do Conselhos de todas as ditaduras, os assassinos


Também amam e sofrem de desamor, respondiam-nos eles quando viemos encaixotados dentro de uma casa com quatro janelas, atravessamos o oceano como pássaros dentro de uma gaiola de vidro, e quando regressava a noite eu ouvia-os


Não temos fome,


E eu sabia que tinham, e eu sabia que a casa com quatro janelas de vidro voava sobre a manhã apodrecida que do Douro acordava, devagarinho, e aos poucos, pedaços milímetros de saudade subiam os pinheiros vadios e os pássaros bebés brincavam solitariamente com minhocas e azeitonas em compota, eu ainda não era nascido, e dizia-se baixinho que as paredes tinham ouvidos,


E hoje sei que tinham, e hoje ainda têm,


Quatro janelas e voam sobre o Douro.


 


(texto de ficção não revisto)


@Francisco Luís Fontinha


31.01.13

Todos eles me dizem e salivam nas paredes do orvalho


que eu não tenho coração


que eu sou uma nódoa num pano pornográfico


à janela do tempo indeterminado


oiço-os dentro dos buracos e respiram


e se alimentam nas vãs mensagens sem destinatário


não vou regressar


e recuso-me a absorver-me nas planícies que a paixão tece


e vagabundeia sabendo que às vezes


lágrimas


há lágrimas de chocolate


na aldeia do desejo,


 


há uma lareira com vista para o Douro


lá encosta-se e poisa a mulher mais bela


e ardem pedaços de videira


e se aquecem as palavras sem livros onde dormirem


e se aquecem abajures de linho


há uma claridade intensa


da paixão das almas e dos xistos com olhos de diamante


lá encosta-se a Deusa adormecida


como o Douro em cascatas até ao cimo da montanha


lá encosta-se o desejo de um coração de prata


com sabor a lilases flores que o Inverno atormenta


e a lareira não cessa de amar.


 


(não revisto)


@Francisco Luís Fontinha


30.01.13

Me perdi, desencontrei, me amei e chorei por você, me perdi, e me cansei, me desorientei, tudo, tudo por você, sonhei, escrevi versos sobre a luminosidade das pálidas tardes que eu inventava para


Para você,


Inventei um sol e uma lua, construí jangadas de beijos e pintei


Para você,


E pintei o céu nocturno das planícies complexas dos orvalhos destinos em círculos de luz com olhos verdes e cabelo castanho, havia uma rosa dentro e um livro que eu roubei


Que tu roubaste num público jardim,


Que eu roubei de um silêncio de Primavera, para você, me perdi, desencontrei, e me amei


E chorei, inventei as loucas abelhas das paredes de xisto, e me cansei de procurar as ditas palavras do amor, me amei, e me apaixonei, tudo


Por você,


Amanhã serei um fio de solidão suspenso entre dois postes de iluminação, amanhã serei uma bola de neve com uma cenoura e duas azeitonas, muitos vão acreditar


E dizerem


Este é o dito António das névoas, homem de poucas palavras, desamado, desacreditado, este é ele, aquele que vocês diziam ter poderes mágicos na língua e que das mãos saiam versos, afinal, afinal este não é ninguém, por você


Amei, e chorei, e sonhei, e tombei


No pavimento térreo das amoreiras voadoras, tive sonhos e tive grandes loucuras sobre barcos com lentes de contacto, tive o céu ao meu dispor, e nada disso eu quis, não quero, detesto, as palavras do amor, os versos que escrevo, os versos que reescrevo, invento, a ventosidade, alimento-me das dálias masculinas e femininas dos jardins da Babilónia, e


Amei, e chorei, e sonhei, e tombei, da Babilónia para você


Um magnifico frigorífico a cores, uma máquina de café expresso, alguns livros e umas telas ranhosas que em horas vadias o dito António das névoas desenhou e pintou, tudo, tudo para você,


E hoje pergunto-me onde está ele? Nunca mais o vi, nunca mais ouvi os seus lamentos quando se sentava na varanda, quando puxava de um cigarro maroto, e desabafava palavras dele com as minhas palavras, quando misturava o fumo dele com o meu próprio fumo, e hoje


(Pergunto-me),


Amanhã serei um fio de solidão suspenso entre dois postes de iluminação, amanhã serei uma bola de neve com uma cenoura e duas azeitonas, muitos vão acreditar, outros nem por isso, há ainda aqueles que dizem ser eu uma aventura de rapazes meios loucos caminhando na margem esquerda do rio sem destino, e amanhã, onde estará ele?


Dizias-me que o amor era uma flor com pétalas de papel embrulhadas em perfume de amêndoa, a princípio pensei em chocolate, depois em camarão, verifiquei e lembrei-me


Desculpa filho, mas como sabes sou alérgica ao camarão,


E lembrei-me da dita rosa embalsamada dentro de um parvo livro, e pergunto-me, onde estará ele? E ela pergunta-se


Viste-o?


Pergunta-se porque deixaram de crescer as ervas à volta da eira, debaixo do canastro uma réstia de lâmina de amanhecer ainda resiste às tardes de prazer, como se os alicerces dos muros em betão que nos separam estejam prestes a ruir, e então


Deixo de perguntar-me


E também pouco importa, porque ambos estamos mortos, desde a manhã de Sábado quando o tejo entrou através das nossas janelas da paixão, e


Afogou-nos como duas barcaças de linho, e dizerem


Este é o dito António das névoas, homem de poucas palavras, desamado, desacreditado, este é ele, aquele que vocês diziam ter poderes mágicos na língua e que das mãos saiam versos, afinal, afinal este não é ninguém, por você


Amei, e chorei, e sonhei, e tombei nas suas coxas de diamante lapidado...


 


(texto de ficção não revisto)


@Francisco Luís Fontinha


29.01.13

Dos ombros da prima Glória saltitavam os findos espaços que um suicidário amador deixou cair sobre os canteiros de rosas vermelhas, “cuidado – pintadas de fresco”, um silêncio transformado em palavras anunciava a morte do perfume melancólico que as devidas mãos de fábula exportam para os infindáveis Rossios das cidades suspensas na mesa número sete da esplanada com sombra para os defuntos organismos que a pura vaidade incendeia, plantas


Que o velho Horácio semeia,


Colhe,


O ressacado comboio dos sonhos amorfos, das palmas as palmas para o artista conceituado em turnê pelas janelas da rua do Alecrim, algures, neste país, algures num outro continente, há-de sempre existir uma rua como o nome de


Alecrim


Ou


Francisco qualquer coisa,


Tanto faz, dizias-me quando regressava a casa com a carteira esvaziada pelos vómitos e diarreias diárias, sentíamos o silêncio frio nas tardes de verão, e víamos, deambulando pela rua, homens, mulheres, crianças, todos, todas, elas e eles e eles e elas


Ou


A transpiração nocturna caminhando sobre um pavimento de alumínio entre duas bolhas castanhas, as flores dormiam, e tínhamos na algibeira meia dúzia de notas de vinte escudos enroladas como se fossem um tubo de queda, como os que se utilizam para escoar as águas pluviais quando torrencialmente chove, ou


Sentíamos os fluídos das madrugadas em flor entranharem-se nos orifícios vazios que um suicidário amador deixou cair sobre os canteiros de rosas vermelhas, “cuidado – pintadas de fresco”, um silêncio transformado em palavras anunciava a morte do perfume melancólico que as devidas mãos de fábula exportam para os infindáveis Rossios das cidades suspensas na mesa número sete da esplanada com sombra para os defuntos organismos que a pura vaidade incendeia, plantas, ou esperávamos pelo nascimento de um Francisco qualquer coisa


Ou, ontem, depois de encerrarmos definitivamente as mãos entrelaçadas nas sereias de amêndoa e darmos-nos conta que existiam rosas por pintar, mesmo lá no centro do canteiro 2B, no meio circunflexo, os sexos murchos das aldeias despidas pela solidão das noite em construção, a vaidade, quando vinha, não era para todos, e alguns deles, delas, deles e delas


Dormiam duplicadamente como os poemas incompreendidos que a avó Hortênsia escrevia antes de dormir, quando dormia, porque ela passava os dias e as noites e as horas e os minutos e os derradeiros segundos


Acordada,


E eu sabia que a velha era rija, como as pedras de Trás-os-Montes, e os pinheiros, e os pássaros e os homens, e as moças pintadas de vermelho, como as rosas de papel


“Cuidado – Pintadas de fresco”, e eu ouvia-as camuflarem-se no capim de ninguém, sabíamos, que os tubos de areia depois de mortos tinham dentro de si um líquido espesso, peganhoso como o mel, mas de cor diferente, pingavam pedacinhos de lágrimas de vidro, e continuávamos embrulhados nos suores frios das tardes de verão, e continuávamos embrulhados nas tórridas diarreias de insónia que as noites traziam de longe, estranhamente, sabíamos que os hotéis mórbidos das cidades com Rossios à deriva como um barco espetado num buraco negro algures no espaço longínquo, os quartos com casa de banho privativa arrumavam-se no quarto andar, e sobre nós, dormiam as clarabóias das estrelas sem futuro, e eu


Percebia,


E eu


Percebo,


Compreendo,


Não tenho dúvidas,


Ou


(E eu sabia que a velha era rija, como as pedras de Trás-os-Montes, e os pinheiros, e os pássaros e os homens, e as moças pintadas de vermelho, como as rosas de papel), que às vezes tinha sonhos que um velho de cabelo comprido e barba branca me roubava, e ficava sozinho, sem ninguém, à deriva sobre as alcatifas do oceano, aos poucos afundava-me, aos poucos deixava de ter força para remar contra as marés de inferno que o velho de cabelo comprido e barba branca não quis levar de mim,


Tínhamos


Ou


Já não sei como eram as nossas noites à lareira, já esqueci


E tão pouco me recordo das janelas de vidros riscados, as lentes dos óculos dormiam à cabeceira da avó Hortênsia, e confesso que tinha pena da velha, mas que podia eu fazer, nada, quase nada, e só depois do mel com sabor a qualquer coisas estranha, nós pensávamos que um Francisco vinha


E nunca regressou, e todos os tubos de areia morreram, e todas as bolhas castanhas morreram, e todas as notas de vinte escudos


Esqueci-me


E todas as notas de vinte escudos ainda hoje brincam na gaveta da mesa-de-cabeceira da avó Hortênsia, coitada, tão velha, mouca, e transporta um esqueleto virtual como peças sobresselentes compradas por um dos netos da última viagem à China, e tirando isso


Já não sei como eram as nossas noites à lareira, já esqueci os aviões e os barcos de papel, já não sei como eram as nossas noites à lareira, já esqueci os aviões e os barcos de papel e os papagaios de muitas cores que um cordel prendia ao portão de entrada de um quintal hoje fantasma,


Ouviam-se e deixamos de ouvir,


Esqueci-me


Como era o amor.


 


(texto de ficção não revisto)


@Francisco Luís Fontinha


28.01.13

Atravessavas a parede imaginária que separava a minha manhã da tua tarde, para te encontrares comigo nos poeirentos e encharcados solstícios do desejo prometido, que a dor das palavras provocava na nossa janela, e sabíamos que no cimo das escadas de acesso à prateleira dos bonecos de trapos, tu, tu escondias as pequenas sílabas que a saliva desajeitada libertava em dias de calor, tínhamos uma armadilha para caçarmos livros de longínqua idade, tu, tu escondias-te às vezes juntamente com os bonecos de trapos, e eu, eu construía chapelhudos para um parvalhão de um miúdo que chamava chapelhudo ao boneco de estimação, e ao autocarro da carreira de machimbombo, e dizia que as bananas tinham bicho


Preenchíamos as tardes com indolentes cortinados de chita e caricias de amêndoa, lá fora ouvíamos o chilrear dos bonecos de trapos à procura das palavras brutas que provinham de um pessegueiro velhíssimo, cansado, e dizia que


Tinham bicho, Parvalhão,


Havia bananas em fartura que acabavam por apodrecer, caíam as mangas e uma pasta viscosa preenchia os segmentos de rectas em vazio que de quem e além apareciam no pavimento de cimento, cruzava os braços e imaginava pequeníssimos regos de sumo de manga como ribeiras a caminharem para os braços de um grande amor a que toda a gente chamava de


O Rio,


Nos intervalos fazíamos amor e as tardes intermináveis pareciam pequenos ponteiros de segundos enrolados nas folhas das mangueiras, o relógio estonteando minhocas de neblina nos buracos friorentos, no inverno, que o gesso da parede do quarto transpirava sobre os nossos corpos molhados, chovia, sempre chovia em nós, e ambos amávamos loucamente aquele rio


Qual rio,


qualquer um, sem nome, idade, sonhos, sexo, crenças religiosas, nada, não queríamos saber de nada, apenas que o amávamos loucamente


O rio,


Indolente, faminto, todo o amor aprisionado dentro de um velha caixa de sapatos, tudo envelhecido desde o último encontro e visita à prateleira onde dormem os pequenos bonecos de trapos, o chapelhudo não lá, o chapelhudo ficou lá, longe, fora, e todas as cartas de amor ou as cartas poucas do amor prometido, também elas, lá, longe, do outro lado da rua,


Nua


Também tu?


Escrevias-me silenciosamente nos meus olhos quando não tínhamos papel, Escrevias-me silenciosamente nos meus olhos quando não tínhamos caneta ou lápis ou esferográfica, Escrevias-me silenciosamente nos meus olhos quando não tínhamos luz e às vezes


Faltavam-nos as palavras de “meda”, pequenas, poucas, algumas perdiam-se nos nossos lábios que um largo com palmeiras desenhava nos paralelepípedos graníticos que a noite escondia como tu te escondias na prateleira onde dormiam


Os ditos bonecos de trapos, alguns construídos com pedaços da tua saia, outros com os restos mortais esqueléticos das minhas calças de ganga, e ainda tínhamos outros, os mais “escurinhos” fazíamos-los com os sobejos de sabão e restos de caligrafia, a minha, tão, tão


Também tu? Quando me pressionavas para deixar de fumar, e nua


A rua dos sentidos perdidos, as alfaias em busca de tractores agrícolas como dentes afiados a rasgarem os extensos torrões de açúcar granulado, de cana, beterraba, adulterado em Sacavém ou noutro local qualquer, bebíamos o afamado uísque das noites de boémia quando as caves abarrotadas semeavam o barrento hálito de insónia em exíguos espaços nocturnos, ela, ela


E eu respondia-lhe que não tinha paciência para beijos enfermos e caricias sonolentas,


E partia sem percebermos se era de dia, sem percebermos se era de noite, sem percebermos


(Havia bananas em fartura que acabavam por apodrecer, caíam as mangas e uma pasta viscosa preenchia os segmentos de rectas em vazio que de quem e além apareciam no pavimento de cimento, cruzava os braços e imaginava pequeníssimos regos de sumo de manga como ribeiras a caminharem para os braços de um grande amor a que toda a gente chamava de rio),


Sem percebermos que o amor é assim; nasce, cresce, torna-se adulto e morre, como todas as coisas, e eu respondia-lhe que não tinha paciência para beijos enfermos e caricias sonolentas, e eu respondia-lhe que o inferno é aqui.


 


(texto de ficção não revisto)


@Francisco Luís Fontinha

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