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Cachimbo de Água

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...

Blog de Francisco Luís Fontinha; poeta, escritor, pintor...


31.12.12

Sábado, e uma casa abandonada, escura, fria, sábia e doce, sábado, ela vem buscar-me, pegar-me-ás sem que ele perceba o que é o amor, sem que tu percebas


A fina escória neblina que o soalho de vidro provoca em nós, mulheres, esposas sem marido e filhas de um Deus esquisito, às vezes, Ateu, outras vezes, malfadado, hirto, sujo, eu, quando te encontro em frente à rua onde vive a tua mãe, e tu


E eu sem que tu percebas as fotografias a preto e branco que dormem no álbum do teu pai, fotografias antigas, dos tempos de


E tu


Luanda, as gaivotas atravessavam a Baía e deitavam-se nas mãos dos mabecos enfurecidos pela escuridão das palavras mortas, murmuradas por cadáveres estonteantes, embriagados, às vezes, outras vezes


E tu


Desgovernada sem saber o que fazer, corrias pela cidade, batias às portas, e ninguém, ninguém dobre o zinco da noite a abraçar-te, ninguém para ti


Deita-te sobre mim, meu amor, e deitavam-se as nuvens sobre as mangueiras que os pássaros deixavam ficar nos quintais abandonados, deita-te sobre mim


Meu amor...


Ninguém para ti, ninguém para mim, de candeeiro em candeeiro, uma corda de aço prendia um petroleiro, homens maus com um chicote


Não me bata por favor, gritavas quando ele acendias os cigarros nas janelas da lareira, e que a morte nos trazia todas as noites nos finos cobertores que o inverno construía, e nós


Não sabíamos o que era o Inverno,


Imaginavas a neve como sendo areia dentro de uma caixa de sapatos, pesadíssimas botas mordiam-te os pés lilases de pétala amordaçada, e não sorrias, escondias-te no sótão, e choravas, e gritavas


Não gosto desta terra maldita, maldita extinta imunda, e


Adormecias agarrada a uma boneca de trapos que nasceu e cresceu no primeiro andar com janelas e vidros envelhecidos, alguns deles em perfeita decomposição, o cheiro imundo a vidro putrefacto, em pedaços, suspensos nos peitoris de madeira apodrecida, e suja


Repetição


Não gosto desta terra maldita, maldita extinta imunda, e


E suja


Minha amordaçada menina de porcelana,


Sábado,


E tu


Luanda, as gaivotas atravessavam a Baía e deitavam-se nas mãos dos mabecos enfurecidos pela escuridão das palavras mortas, murmuradas por cadáveres estonteantes, embriagados, às vezes, outras vezes, vezes a mais, aparecias em casa numa lástima, perdias as calças, perdias as mãos, perdias os braços, regressavas, entravas, não falavas, e deitavam-se elas sobre os muitos lençóis que o cacimbo deixava ficar pelas ruas, outras vezes, às vezes, um carro zumbia, rosnava entre cães e mabecos e cavalos que tinham fugido de um carrossel estacionado junto aos Coqueiros, mostravas-me os treinos de hóquei em patins, inserias a moeda na ranhura


E os barcos começam em círculos longos voos sobre os telhados poeirentos que pertenciam às nádegas húmidas do ciume, e as fotografias do teu pai


A Preto e branco, mortas, esquecidas no fundo de um caixote de madeira, em viés um seta pintada apressadamente e letras que mal se percebia


CUIDADO PARA CIMA,


E um tipo com os dentes virados para o céu, e esperava, CUIDADO PARA CIMA


A Preto e branco, mortas, esquecidas no fundo de um caixote de madeira, em viés um seta pintada apressadamente e letras que mal se percebia que sábado, e uma casa abandonada, escura, fria, sábia e doce, sábado, ela vem buscar-me, pegar-me-ás sem que ele perceba o que é o amor, sem que tu percebas, a fina escória neblina que o soalho de vidro provoca em nós, mulheres, esposas sem marido e filhas de um Deus esquisito, às vezes, Ateu, outras vezes, malfadado, hirto, sujo, eu, quando te encontro em frente à rua onde vive a tua mãe, e tu, e eu sem que tu percebas as fotografias a preto e branco que dormem no álbum do teu pai, fotografias antigas, dos tempos de


CUIDADO PARA CIMA,


Repetição


Não gosto desta terra maldita, maldita extinta imunda, e


E suja


Minha amordaçada menina de porcelana,


Sábado,


E tu


Luanda,


E eu


Não Luanda.


 


(texto de ficção não revisto)


@Francisco Luís Fontinha


Alijó


31.12.12

O trânsito infernal, o (pára arranca) leva-me a imaginar uma rua sem saída, e muitas pessoas a caminharem em direcção, não sei, e não mo perguntes


Em direcção ao vazio,


Ao nada, ando uns míseros milímetros, agacho-me, sinto o próprio vazio da rua sem saída a coexistir dentro de mim, ruas, pessoas


Em direcção ao vazio, nuas


Muitas pessoas,


Em direcção ao vazio, os edifícios agachados também, tal como eu, e as árvores voam, fogem para longe, levam as folhas e as flores, muitas pessoas


Vazio,


Que transportam pele e osso, quilogramas de lixo cinzento, cigarros made in China, com sabor a Primavera, procura nos bolsos, não as encontra, as chaves, de casa, do carro, procuro-os nos bolsos


Os edifícios, não os encontro, os carros, as casas, procura nos bolsos as pessoas, fugiram, deixaram de pertencer à rua B do número trinta e três, outra vez, repita comigo


Trinta e três, rua B, quito esquerdo, e ela repetia, Trinta e três, rua B, quito esquerdo, abria as asas e começava a voar sobre a cidade, deixei de a ver, deixei de a ouvir


Perguntas-me se à cidade ou a ela, à rua B


E eu simplesmente tinha saudades, da rua B, dos alicerces, as pessoas, os pássaros, o trânsito infernal, o (pára arranca) leva-me a imaginar uma rua sem saída, e muitas pessoas a caminharem em direcção, não sei, e não mo perguntes, hoje, não, amanhã talvez, saio de casa, sais de casa, encontras no bolso


As chaves do carro,


Os cigarros, as chaves de casa, os edifícios, não os encontro, os carros, as casas, procura nos bolsos as pessoas, fugiram, deixaram de pertencer à rua B, os ciganos em exames à volta de uma fogueira, três ou quatro tendas, alguns animais, cães e burros, e uma leve e fina cortina de vento, silêncio, grito-te


Não te oiço, respondes-me, trinta e três, como? Chegas a casa, e desapareces como desapareceram todas as pratas e porcelanas que tínhamos na sala de jantar, entras, não te percebo


As chaves do carro,


Não percebes, não te percebo dizes-me e eu não me esqueço, não temos carro, não te percebo dizes-me e eu não me esqueço, que nunca tivemos


Um carro,


Não te percebo, que nunca tivemos


Um burro e uma carroça,


Não te percebo, que nunca tivemos


Nada, casa, que nunca vivemos


Na rua B? Não percebes, não te percebo dizes-me e eu não me esqueço, não temos carro, não te percebo dizes-me e eu não me esqueço, que nunca tivemos


Nada


Chegas a casa, não te conheço, perguntas-me se o jantar já está pronto, olho-te, olho-te e não te percebo


Porquê se não tenho, Porquê se nunca ti, Porquê marido,


Um carro,


Um burro e uma carroça,


Assistíamos à dança dos ciganos à volta da fogueira, lembras-te, perguntavas-me e eu juro que não, na rua B deve ser engano, não conheço, não sei


Não te oiço, respondes-me, trinta e três, como? Chegas a casa, e desapareces como desapareceram todas as pratas e porcelanas que tínhamos na sala de jantar, entras, não te percebo


As chaves do carro,


Não percebes, não te percebo dizes-me e eu não me esqueço, não temos carro, não te percebo dizes-me e eu não me esqueço, que nunca tivemos


Um carro,


Não te percebo, que nunca tivemos


Um burro e uma carroça,


Não te percebo, que nunca tivemos


Nada, casa, que nunca vivemos na rua B deve ser engano, não conheço, não sei, chegas a casa, entras em cada compartimento de luz, não me encontras, finjo-me invisível, e tu perguntas-me


Como se faz Rafael?


Não te percebo, que nunca tivemos


Um burro e uma carroça,


Que eu me lembre, apenas uma rua sem saída, e muitas pessoas a caminharem em direcção, não sei, e não mo perguntes


Em direcção ao vazio.


 


(texto de ficção não revisto)


@Francisco Luís Fontinha


Alijó


30.12.12

Refugiavas-te nas minhas mãos, tinhas medo do sono, inventavas pássaros na copa das árvores como se fossem, elas, as copas, as árvores, poemas de melancolia, sem sentido, doentes mentais agachados em enormes corredores de dor, de insónia, poemas de amor inventavas nas planícies agrestes dos sorrisos do vento, tombavam as espigas de trigo, tombavam os teus seios oprimidos, encarcerados como jardins suspensos nas varandas de um quinto andar numa rua sem saída, na cidade desgovernada, cansada, tu, nas minhas mãos


Disfarçada de palavras,


Tu,


Inventavas-me e tinhas medo do sono, desenhavas comboios nas paredes de um quarto escuro, sem janelas para o rio, ouviam-se os gemidos tranquilos dos indesejados papeis de parede, velhos, sujos, crucifixos de madeira que uma velha mão esqueceu, deixou antes de partir,


Tu


Disfarçada de palavras, tu, disfarçada de cansadas madrugadas que uma caixa de cartão guarda religiosamente como se fossem um tesouro, e são apenas madrugadas, sem destino, sem enormes corredores de dor, de insónia, poemas de amor..., sem nomes, moradas, números de polícia, poemas, poemas de poemas com molho de tomate, o vinho pode ser o normal, o vinho da casa, pão, uma sopinha, caldo de cebola, pode ser, porque não,


Tu,


disfarçada


De palavras,


Chegavas tarde a casa, outras vezes, a maioria das vezes, não regressavas, escondias-te entre silêncios e medos, e embriagavas-te de palavras, AL Berto, A. Lobo Antunes, Luiz Pacheco, Cesariny, Milan Kundera, Agualusa, José Luís Peixoto, bebias incessantemente como se os teus dias terminassem às zero horas e depois das zero horas


Saramago,


Tu


Disfarçada, refugiavas-te nas minhas mãos, tinhas medo do sono, inventavas pássaros na copa das árvores como se fossem, elas, as copas, as árvores, poemas de melancolia, sem sentido, doentes mentais agachados em enormes corredores de dor


Rua do Ouro,


Não estou suja, e comi bem, e não me esqueço das palavras


Tu


Saramago,


O vinho pode ser o normal, o vinho da casa, pão, uma sopinha, caldo de cebola, pode ser, porque não, Proust, porque não


Chegavas tarde a casa, outras vezes, a maioria das vezes, não regressavas, escondias-te entre silêncios e medos, e tranquilos, trazias nas mãos as flores de papel que vendiam na papelaria da esquina, e sábado à tarde, nunca regressavas


Claro que sim, tu, inventavas-me e tinhas medo do sono, desenhavas comboios nas paredes de um quarto escuro, sem janelas para o rio, ouviam-se os gemidos tranquilos dos indesejados papeis de parede, velhos, sujos, crucifixos de madeira que uma velha mão esqueceu, deixou antes de partir, ruiu a casa, o prédio, ruiu toda a estrutura óssea que restou da festa do final de ano, o som melódico, poético, quarta-feira, qualquer coisa na tua voz, claro que não


Que sim, o inferno, está bem meu amor, claro que não


Que não, o vento deixava de soprar, refugiavas-te nas minhas mãos, tinhas medo do sono, inventavas pássaros na copa das árvores como se fossem, elas, as copas, as árvores, poemas de melancolia, sem sentido, doentes mentais agachados em enormes corredores de dor, de insónia, poemas de amor inventavas nas planícies agrestes dos sorrisos, as árvores entravam pela janela da casa de banho, agreste, húmida, simplesmente, as portas dos machimbombos pareciam pessoas com chapéus de palha nas mãos, ouviam-se gritos de revolta, questionavas-te


Para que me servem as mãos e as mãos pertencem ao vento?


Não sei,


Tu


Rua do Ouro,


Não estou suja, e comi bem, e não me esqueço das palavras com mel, nem da melancolia da paixão nos lábios de uma cegonha, inteligente, ela, sabia que o amor todas as noites rondava as sílabas dos primeiros beijos quando descia a noite sobre os suspiros de naftalina, ao deitar, antes de amormecer


Amas-me?


Claro que sim, tu, tu inventavas-me e tinhas medo do sono, desenhavas comboios nas paredes de um quarto escuro, sem janelas para o rio, ouviam-se os gemidos tranquilos dos indesejados papeis de parede, velhos, sujos, crucifixos de madeira que uma velha mão esqueceu, Amas-me?


Ensonado, respondia-te


Claro que sim, sua parva, às vezes, chegavas tarde a casa, outras vezes, a maioria das vezes, não regressavas, escondias-te entre silêncios e medos, e embriagavas-te de palavras, AL Berto, A. Lobo Antunes, Luiz Pacheco, Cesariny, Milan Kundera, Agualusa, José Luís Peixoto, bebias incessantemente como se os teus dias terminassem às zero horas e depois das zero horas


Saramago,


Tu


Adormecias acreditando que eu dormia ao teu lado.





(texto de ficção não revisto)


@Francisco Luís Fontinha


Alijó


30.12.12

O sincero voo da gaivota adormecida


construída entre os parêntesis da madrugada


infinita noite desgraçada


que a chuva miudinha provoca nas veias da insónia mão dorida


 


repeliam-se-me docemente os finos pregos do desejo


apaixonados eles às janelas clausuradamente envelhecidas pelo sono da infância


há em mim a esperança melodia sem clemência


das melancias bocas de beijo


 


que o mar se Março semeia


com as palavras do sonoro silêncio dos teus clandestinos lábios


Em Março sábios


homens hirtos que a solidão vaiada incendeia


 


há uma candeia


a luz sincera do voo da gaivota


que não volta


não regressa da longínqua cadeia.


 


(não revisto)


@Francisco Luís Fontinha


Alijó


29.12.12

Bates-me à porta, pedes-me silêncio, agachas-te nas sombrias minhas mãos com sabor a tristeza, fazemos um refresco de solidão, abrimos um livro, pode ser aquele, sabes?


O Medo


Exactamente esse, O Medo de “AL Berto”, e sentimos o tempo escoar-se, e sentimos o mar a entrar pela janela, sentamos-nos, um sobre o outro, ouvimos as melancólicas palavras que o rádio a pilhas em pequenos vómitos, lança contra o gesso doente e sujo, de que são constituídas as paredes da nossa casa, um jazigo com duas assoalhadas, perdido no murmúrio cemitério da saudade, sentamos-nos


O Medo,


Bates-me à porta, pedes-me silêncio em troca de abraços, pedes-me beijos por palavras sem destino, palavras cansadas, múmias embalsamadas, pedes-me silêncio, O Medo, perdido, achado, Sabes?


Exactamente esse, esse malandro apaixonado, esse malfadado sorriso que deixaste sobre a mesa, quando partiste, exactamente esse, bates-me à porta, desassossegas-me nas sombrias minhas mãos com sabor a tristeza, sinto-te e sentamos-nos, sentas-te em mim, e


Eu abro os olhos parecendo um barco às curvas em despedidas paixões, precisas dos meus braços, não os tenho, perdão, levou-os o vento quando subtraído às páginas loucas de “O Medo”, tu, eu, nós


Com Medo...


Que o medo, sinto-o, amarfanho-o, e embalsamadas todas as gaivotas que os teus lábios mar deixam adormecer, nos lençóis imaginas o pôr-do-sol, nos lençóis


O Medo, cinzento, feliz, contente, tantas e tantas e tantas palavras indesejadas, tantas, tantas e tantas e tantas palavras amadas, odiadas, palavras


Com Medo


O menino,


Bates-me à porta, pedes-me silêncio, agachas-te nas sombrias minhas mãos com sabor a tristeza, fazemos um refresco de solidão, abrimos um livro, pode ser aquele, sabes? A janela sobre o Tejo, barcos envenenados pela paixão dos peixes, em círculos, todos, os livros, os meus


Medos,


Os meus olhos sabendo eu que sou cego, os meus livros sabendo eu que não tenho, e nunca tive, e não quero ter


Livros?


Paixões como têm os barcos, aqueles que vejo quando abro a janela


Perdão,


Quando abro o livro e folheio-o e os barcos envenenados pela paixão dos peixes, em círculos, todos, os livros, os meus, os teus, olhos de açúcar sobre a copa das árvores castanhas que um louco escultor distribuiu pelas ladeiras inclinadas da cidade dos anjos, e lembras-me as cidades em combustão na lareira que o amor invisível acendeu nas varandas encastradas que o Tejo come, e a noite


Perdão


E a noite consome, ressaca, dói, murcham as palavras do doente e sujo, de que são constituídas as paredes da nossa casa, um jazigo com duas assoalhadas, perdido no murmúrio cemitério da saudade, sentamos-nos, e comemos-nos


Roças o cobertor imaginário no teu corpo de plasticina, deitas-te sobre a tela branca, completamente nua, completamente branca, e comemos-nos, e dançamos abraçados a tubos de acrílico, e dançamos abraçados aos pincéis de fina estampa encaracolada os musgos embrionários dos teus seios, mamas de orvalho que a noite tanto adora, dançamos-nos, e


Comemos-nos,


Sem percebermos que lá fora, chove, sem percebermos que lá fora, Raios


O Medo,


Que lá fora, oiço os teus gélidos gemidos,


Comemos-nos,


No medo, que eu, que tu, que nós


Sentamos-nos e comemos-nos na Paz de Cristo, quando abro o livro e folheio-o e os barcos envenenados pela paixão dos peixes, em círculos, todos, os livros, os meus, os teus, olhos de açúcar sobre a copa das árvores castanhas que um louco escultor distribuiu pelas loucas cidades de amar,


E o medo,


Que eu, com mãos e braços e boca e


Quando abro o livro e folheio-o e os barcos envenenados pela paixão dos peixes, em círculos, todos, os livros, os meus, os teus, olhos de açúcar sobre a copa das árvores castanhas que um louco escultor distribuiu pelas


Abelhas ínfimas manhãs, que nós


O Medo,


Que lá fora, oiço os teus gélidos gemidos,


Comemos-nos,


No medo, que eu, que tu, que nós


Sejamos apenas um sonho, ou pior do que isso, que nós


Sejamos apenas um espelho perdido na paixão, roças o cobertor imaginário no teu corpo de plasticina, deitas-te sobre a tela branca, completamente nua, completamente branca, e comemos-nos, e dançamos abraçados a tubos de acrílico, e dançamos abraçados aos pincéis de fina estampa encaracolada os musgos embrionários dos teus seios, mamas de orvalho que a noite tanto adora, dançamos-nos, e


Comemos-nos.





(texto de ficção não revisto)


@Francisco Luís Fontinha


Alijó

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